Empresária foi escolhida em agência sem biombos e, seguida, levou tiro ao reagir
O programa Fantástico da Rede Globo exibido no domingo (10) mostrou uma reportagem sobre a morte de uma cliente do Bradesco, vítima do crime de “saidinha de banco” no Rio de Janeiro. As imagens revelam a ação dos bandidos dentro da agência diante da falta de biombos para garantir a privacidade na hora de sacar dinheiro.
A Contraf-CUT lamenta, além da morte da cliente, que mais uma vez o Fantástico mostrou somente a posição dos bancos. Os bancários não foram ouvidos. “O biombo, se tivesse sido instalado, podia ter evitado essa tragédia”, afirma o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
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Veja o texto da reportagem:
Imagens inéditas mostram como agiu a quadrilha que matou na Zona Sul do Rio uma vítima do golpe conhecido como saidinha (assalto a clientes de bancos na saída da agência).
As câmeras de segurança revelam a divisão de tarefas dos criminosos, que tiveram tempo para observar a movimentação dentro da agência e escolher a vítima, sem chamar a atenção dos seguranças.
Um crime planejado. É o que mostram as imagens das câmeras de segurança que levaram à prisão de três homens na sexta-feira passada.
Jardel Wanderson de Oliveira Vilas Boas, de 28 anos, é o assassino confesso da empresária Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, dona de um restaurante na Zona Sul do Rio.
No dia 17 de julho, ela foi morta depois de sacar dinheiro de uma agência. Maria Cristina precisava de R$ 12 mil em dinheiro vivo para pagar os funcionários do restaurante. Só que a agência em que ela tem conta, que fica em outro bairro, estava em reformas. Por isso, ela foi até outra.
Pouco depois das 12h, Maria Cristina entra na agência. No dia anterior, por telefone, ela tinha solicitado o saque, procedimento padrão quando o valor é alto.
Atrás dela, está Vitor Brunizzio Teixeira, um dos integrantes da quadrilha. Ele passa pela empresária, quando ela pega a senha de atendimento. Agora, ele espera para ser atendido.
Também sentada, Maria Cristina fala ao telefone. Três minutos depois, é chamada.
No caixa, a empresária fala de novo ao telefone. “A família relata que nesse momento ela estava bastante abalada, discutia com a sua gerente, reclamando dessa demora e desse atendimento”, conta o delegado Giniton Lages.
Vítor se aproxima, pede para trocar dinheiro e espera até ser chamado. Enquanto isso, observa Maria Cristina. Ela volta para a cadeira.
Vítor então é chamado e troca dinheiro no caixa, enquanto a empresária faz mais uma ligação. Depois, ele vai embora.
As imagens não mostram o momento em que Vítor, fora da agência, dá ao restante da quadrilha as informações para identificar Maria Cristina na rua.
Um segundo integrante entra na agência. É conhecido como Junior Playboy e está foragido.
Junior chega a ficar lado a lado com a empresária nos caixas, antes de ir embora. Cerca de 30 minutos depois de ter entrado no banco, Maria Cristina finalmente entra numa sala reservada para fazer o saque e vai embora levando o dinheiro dentro da bolsa.
Enquanto dois homens monitoravam os clientes do banco, outros três circulavam de carro esperando as instruções para abordar a vítima. Ao deixar a agência, Cristina caminhou cerca de 200 metros e parou num lugar para olhar uma saia numa barraca. Jardel, que agora se diz arrependido, desceu do carro armado e anunciou o assalto.
Na hora da abordagem, ela parece reagir até ser jogada no chão. O bandido dá um tiro à queima-roupa, antes de fugir na garupa de uma moto.
Para a polícia, o crime só aconteceu, porque houve falha na segurança da agência.
“Se havia previamente uma reserva a ser feita para essa cliente, o atendimento deveria ser abreviado”, diz o delegado.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos afirma que os bancos investem no desenvolvimento de equipes especializadas para garantir a segurança de funcionários e clientes. Essas equipes agem de forma coordenada com órgãos de segurança dos estados, com o serviço de patrulhamento e o de inteligência. E recomenda aos clientes que evitem:
– Ir ao banco sozinhos;
– Sacar muito dinheiro (o ideal é fazer depósitos ou transações pelo telefone e pela internet);
– Nunca reagir, em caso de assalto.
Segundo a polícia, Wendel dos Santos Gomes é o chefe da quadrilha e mentor do crime. Ele continua foragido.