Protesto contra assédio moral, demissões e abusos do banco
Menina dos olhos da Superintendência Regional do Santander, em Porto Alegre, a agência Select não é para qualquer um. A começar pelo endereço. Fica no número 20 da avenida Goethe, encravada no Moinhos de Vento, um bairro cuja renda média pode ser avaliada pelos clientes que são atendidos na Select. Contas com saldo médio acima dos R$ 20 mil. Pois, na manhã de terça-feira (23), os trabalhadores paralisaram os serviços da agência que distingue pessoas pelo saldo.
Foi um protesto contra as demissões, os abusos e o assédio moral no Santander. Por isso, a agência ficou fechada por todo o dia.
Não por acaso, essa agência é o símbolo do que o banco pior faz em termos de gestão de pessoas: tratar mal os bancários que lutam todo o dia e contribuem com o lucro da instituição.
Também é uma agência que a direção do banco costuma olhar de perto. Inclusive, tem câmera externa e um número ideal de bancários e bancárias. Outras agências do Santander, espalhadas pela Capital, tiveram suas fachadas adesivadas com a campanha mobilizada pelos trabalhadores.
Em Porto Alegre, a Select é o modelo irradiador de maldades como assédio moral, pressão por metas abusivas e ameaças de demissões, se as metas de venda de produtos e atendimento não forem cumpridas. “O Santander lucra muito no Brasil. Manda 26% do que lucra aqui para a Espanha. Não se justifica as demissões que o banco vem fazendo a cada mês”, diz o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Paulo Stekel.
Segundo o diretor do SindBancários, Ronaldo Brum, a prática de demissão está deixando o atendimento nas agências mais precário. “Há agências com quatro ou cinco funcionários que agora só têm horário de chegada. Quanto mais demitem, mais metas abusivas impõem e mais trabalho cobram. As pessoas não aguentam mais”, disse.
Outro problema é a média de idade dos empregados que estão sendo mandados embora. O banco tem recorrido ao corte sistemático de trabalhadores com 20, 30 anos de casa. “Isso mostra uma política de redução de custos para favorecer acionistas. Cortam aqueles funcionários que mais tempo dedicaram ao banco e não contratam no mesmo ritmo. Os empregados que estão sendo demitidos estão doentes, com Lesões por Esforços Repetitivos e sofrimento psíquico. Muitas vezes não sabem que estão em sofrimento físico e mental”, acrescenta a diretora do SindBancários, Natalina Gué.