O Estado de São Paulo
Marcelo Rehder, SÃO PAULO
Sem proposta dos bancos de aumento real de salários, a greve nacional dos bancários entra hoje no 13º dia. Ontem, sindicalistas de São Paulo, Osasco e região concentraram as manifestações nos prédios administrativos onde estão instalados os escritórios dos presidentes dos principais bancos do País.
A estratégia de pressão foi decidida depois de duas rodadas de negociação entre o comando nacional dos bancários e a federação dos bancos (Fenaban), realizadas quinta-feira e sexta, que terminaram sem propostas dos bancos. Os negociadores da Fenaban disseram que encaminhariam as simulações discutidas aos bancos e quem decidiria seriam os presidentes das instituições.
As manifestações de ontem paralisaram durante toda a manhã prédios onde trabalham Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, Fábio Barbosa, presidente do Santander, e Josef Safra, presidente do Banco Safra. Mais de 30 mil bancários trabalham nesses locais.
Além dos centros administrativos, mais 550 locais de trabalho foram paralisados em São Paulo, Osasco e região. Cerca de 46,6 mil bancários foram abrangidos pelas manifestações.
“O fim da greve está nas mãos dos banqueiros”, disse o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino. “Basta que eles apresentem uma proposta que preveja aumento real de salários, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) maior e mais justa, proteção aos empregos, fim do assédio moral e das metas abusivas”, acrescentou o sindicalista.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), informou, por meio de sua assessoria, que as instituições discutem entre si os rumos da negociação, o que pode resultar em nova rodada ainda esta semana.
Em assembleia no fim da tarde, os trabalhadores decidiram manter a greve. Formada por 465 mil trabalhadores no País, dos quais 134 mil em São Paulo e Osasco, a categoria quer 10% de reajuste salarial (5% de aumento real), e PLR composta pelo pagamento de três salários, acrescidos de valor fixo de R$ 3.850.
Os trabalhadores também querem a inclusão na convenção coletiva de trabalho de cláusula de proteção ao emprego em caso de fusão. Eles exigem ainda o fim do assédio moral e das metas abusivas, práticas que, segundo sindicalistas, provocam o adoecimento dos trabalhadores.