Funcionários do BB em São Paulo irão às ruas contra plano de funções

Reunidos em plenária organizativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os funcionários do Banco do Brasil decidiram fazer um protesto contra o plano de funções imposto pelo banco sem negociação. A manifestação será na quarta-feira (6). Além disso, a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB se propôs a discutir uma data para mobilização nacional com o intuito de fortalecer o movimento. Também estão previstas assembleias.

A plenária reuniu cerca de 500 funcionários do BB na quinta-feira (31), com o objetivo de organizar a luta para garantir o direito dos trabalhadores.

Para a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kalcenikas, a manifestação que será realizada na semana que vem tem pretende endossar o movimento e convencer os bancários de que existe a possibilidade de paralisação.

“A organização se dá com o convencimento dos colegas que ainda estão nos locais de trabalho e que ou não foram afetados ou não perceberam o grau de mudanças que o plano de funções trouxe para o salário e a vida dos trabalhadores. O banco só visa reduzir a folha de pagamento e o passivo trabalhista, sem se preocupar com seus profissionais”, disse.

Ações públicas

Na plenária foi divulgado que o Sindicato ingressará com ações civis públicas para grupos de trabalhadores com características de funções homogêneas, como a Reseg (Regional de Segurança), a Gecex (Gerência de Comércio Exterior), a Ditec (Diretoria de Tecnologia), além de outros grupos de funcionários não contemplados pelo plano de funções.

O diretor do Sindicato, Ernesto Izumi, explicou por que o Sindicato decidiu por uma ação civil pública por grupo homogêneo ao invés de uma ação coletiva. “Se o Sindicato entrasse como uma ação coletiva abrangendo todos os funcionários, o juiz se consideraria impedido de julgar, porque dentro do grupo haveria trabalhadores de diferentes cargos e funções, e uma ação coletiva desse tipo acarreta um grande risco de derrota.”

Ernesto disse que o Sindicato analisou a questão e avaliou que uma ação civil pública contorna o problema e permite entrar com ações nas quais os funcionários não são expostos pessoalmente.

CCV e assinatura do termo

O secretário de formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, William Mendes, traçou um panorama geral da situação dos bancários e explicou alguns pontos do plano de funções do BB, como o que se refere ao termo que o banco obrigou seus funcionários a assinar.

“Na semana que vem, quando novamente reunirmos a Comissão de Empresa para pensarmos os próximos passos, iremos procurar o Ministério Público do Trabalho para invalidar esse termo do banco que obriga os funcionários a assinar para não serem descomissionados”, disse William. O dirigente lembrou que esse termo foi imposto pelo banco sob ameaça e pode ser facilmente derrubado na Justiça, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.

O advogado do Sindicato, Jefferson Oliveira, explicou as questões jurídicas que envolvem o plano de funções, como por exemplo as CCVs (Comissões de Conciliação Voluntária) que geraram muitas dúvidas nos bancários.

“A CCV é uma solução de conflitos trabalhistas extrajudicial, ou seja, não há qualquer intervenção do Judiciário. É uma comissão formada por representantes do Sindicato e por representantes do banco. E é a ocasião em que o bancário apresenta sua reivindicação, o banco analisa e, se entender que é o caso, faz uma proposta, podendo o trabalhador aceitar ou não.”

Os participantes da plenária também tiveram oportunidade de se manifestar e tirar dúvidas referentes ao plano de funções do BB.

Ernesto salientou que a mobilização dos funcionários, na próxima quarta-feira, é fundamental para pressionar o BB a rever seu plano de funções.

“São 120 mil funcionários que o BB desrespeitou e, por ser um banco de amplitude nacional, é fundamental que a mobilização seja organizada nacionalmente para pressionar ainda mais o banco a respeitar os trabalhadores”, concluiu o dirigente do Sindicato.

Abrangência

Com o novo plano de cargos e funções do Banco do Brasil, todos os funcionários serão afetados de alguma forma. Veja a quantidade e situação de cada grupamento a ser afetado.

1. 22 mil comissionados terão redução salarial se optarem pela redução na jornada.

2. Dezenas de milhares de analistas, assessores e de cargos técnicos estão sendo obrigados a assinar um termo abusivo.

3. Todos os funcionários: o banco mexeu nas verbas de todos os bancários, substituindo o Complemento Temporário de Valorização de Função (CTVF) pelo Complemento de Função de Confiança (cargo de oito horas) e Complemento de Função Gratificada (cargos de seis horas). A medida traz prejuízo nas promoções futuras por mérito e por tempo de serviço, pois demorará mais tempo para compensar o CFC e o CFG, que após liquidadas garantem aumento de salário bruto nas promoções.

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