A taxa de juros do cheque especial voltou a alcançar valores superiores aos do início do governo Dilma nos principais bancos do país.
Dados do Banco Central mostram que entre as seis maiores instituições financeiras a única que ainda mantém a política de taxas reduzidas nessa linha é a Caixa Econômica Federal.
Nas demais (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e HSBC), a taxa média paga pelos clientes já supera os percentuais cobrados no início de 2011.
Durante o ciclo de aperto de juros promovido pelo BC, entre abril de 2013 e 2014, os bancos reajustaram as taxas cobradas dos consumidores nas linhas consideradas de maior risco. Esse foi o caso do cheque especial.
Agora, mesmo antes de o BC voltar a subir juros, o preço dessa linha já vinha sendo elevado pelas instituições.
No Banco do Brasil, por exemplo, o juro médio chegou a cair de 8,25% ao mês, no início do governo Dilma, para 4,99% no fim de 2012, dentro da política estatal de redução de taxas ao consumo.
No final de outubro deste ano, a taxa média estava em 8,26%.
Na Caixa, o percentual de 6,01% do levantamento mais recente do BC ainda é inferior aos 6,67% de 2011, embora supere os 3,97% de 2012.
Mesmo durante o período de maior concorrência entre as instituições, em 2012, quando os bancos públicos cortaram suas taxas a pedido do Planalto, os privados fizeram poucas alterações no valor do cheque especial.
No Bradesco e no Itaú Unibanco, a taxa média oscilou de 8,4% para 8,2% ao mês nos dois primeiros anos do governo Dilma. Hoje está em torno de 9% ao mês.
Na média apurada pelo BC entre todos os bancos, o juro do cheque especial chegou ao piso de 136% ao ano (7,4% ao mês) em maio de 2013.
Em outubro de 2014, último dado, estava em 188% ao ano (9,2% ao mês), maior percentual desde abril de 1999.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que uma das razões para a alta dessa taxa de juros é o aumento da inadimplência, que passou de 8,7% para 10,7% entre outubro de 2013 e de 2014.
Maciel ponderou, ainda, que a participação do cheque especial é de apenas 3% no crédito para a pessoa física.
“É uma modalidade que deve ser usada com bastante parcimônia e em momentos bastante específicos, por se tratar de uma linha de custo elevado e que tem, nos últimos meses, ampliado esse custo”, afirmou.
Ele disse ainda que, em dezembro, o uso desse instrumento tende a cair, pois as pessoas aproveita o 13º salário para quitar essa dívida.
Nos últimos 12 meses, o uso do cheque cresceu 5,5%, ritmo semelhante à média para o crédito ao consumo.