A Contraf-CUT realizou na última quinta-feira, 8, nova rodada de negociação permanente com o Bradesco. A reunião deu continuidade aos debates sobre a a construção de um programa de combate ao assédio moral.
Segundo decisão do último encontro, as partes iniciaram um debate conceitual a respeito do tema. Assim, os trabalhadores contaram com a participação de Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT, e da doutora em medicina preventiva pela USP e especialista em psicologia do trabalho pela UFPR, Lis Andréa Soboll, que fez exposição sobre o tema.
Segundo a pesquisadora, o assédio moral é a mais discutidas entre as diversas práticas de violência psicológica no trabalho que ocorrem hoje em dia, por conta do modelo de organização das empresas. Trata-se de uma “expressão extrema e grave da violência psicológica no trabalho, caracterizada como um processo repetitivo e prolongado de hostilização”, afirma a especialista no artigo “Organização do trabalhão e a prática do assédio moral: um estudo sobre o trabalho bancário”, publicado no livro Saúde Mental e Trabalho (Ed. Roca). “Esta forma de violência geralmente é acompanhada de agravos na saúde mental e física das pessoas envolvidas, com destaque para as descompensações de ordem psíquicas”, completa.
Os negociadores do banco concordaram com os conceitos apresentados pelos bancários. Na próxima reunião, em data ainda a ser definida, a empresa deverá levar seus especialistas para prosseguir com o debate.
“O assédio moral é um tema importante para os bancários no atual contexto, principalmente por conta do modo de organização do trabalho, com metas abusivas e pressão”, afirma Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT. “A discussão com o Bradesco é fundamental para que possamos chegar a um programa de combate a essa prática nociva, como já conseguimos com o Banco do Brasil e a Caixa. Além disso, estamos debatendo a questão na mesa Temática de Saúde do Trabalhador, buscando uma proteção para os bancários de todas as empresas”, completa.
A coordenadora da Comissão de organização dos Empregados (COE) do Brasdesco, Elaine Cutis, destaca a importância dos debates desenvolvidos na mesa de negociação. “Colocamos o ponto de vista dos trabalhadores sobre o tema de forma clara e agora vamos continuar trabalhando para construir um programa que combate efetivamente a prática do assédio”, diz.