A desigualdade entre negros e brancos no mercado de trabalho diminuiu entre os anos de 2004 a 2008 na região metropolitana de São Paulo, de acordo com estudo da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
As taxas de desemprego entre os dois grupos, por exemplo, se aproximaram. Em 2004, 22,5% dos negros (na metodologia da pesquisa, pretos e pardos) estavam sem ocupação. Para os não negros (brancos e amarelos) a parcela era de 16,4%. Essas taxas passaram a 16% e 11,9%, respectivamente, em 2008.
As diferenças salariais também foram reduzidas ao longo do tempo. De 2004 a 2008, o rendimento médio real por hora dos negros subiu 6,1%, passando de R$ 4,36 para R$ 4,62, enquanto o dos brancos ficou relativamente estável, de R$ 8,20 para R$ 8,21.
“O expressivo crescimento da economia brasileira explica uma boa parte da melhora”, disse Patrícia Lino Costa, economista do Dieese, ao jornal Folha de S. Paulo. “No caso dos negros, que se concentram nos estratos mais baixos de renda, os reajustes do salário mínimo ajudaram bastante”, afirmou.
O aumento da escolaridade no período também contribuiu para a redução da desigualdade. Em 2004, 28,8% das mulheres negras que possuíam emprego eram domésticas. Número que recuou para 23,9% em 2008. “Conforme as meninas conseguem mais educação, preferem buscar outras oportunidades de trabalho, como em lojas ou no setor de serviços”, explicou a economista do Dieese.
Situação grave
Apesar desses avanços, a situação ainda é grave. Os salários dos trabalhadores brancos são muito mais altos que os dos negros que ainda não conseguem chegar aos postos mais altos das empresas.
Somente 5% dos negros estavam em cargos de direção, gerência e planejamento em 2008. Entre os brancos, a taxa era de 17,4%. “Essa realidade pouco mudou ao longo do tempo, mostrando que é preciso mais do que crescimento econômico para transformá-la. O governo deve cuidar da educação básica e abrir vagas no ensino técnico. Nas empresas, é necessário fazer campanhas de conscientização contra o preconceito”, afirma Patrícia Costa.
A pesquisa confirma uma situação que se repete nos bancos. De acordo com o Mapa da Diversidade, conquistado pelos bancários após anos de reivindicação e divulgada em julho pelas instituições financeiras, apenas 2,3% dos funcionários dos bancos são negros. A grande maioria da categoria (77,4%) é composta por brancos e 16,7% são pardos. Os negros também ganham salários menores e têm mais dificuldade de fazer carreira.
O rendimento médio dos negros (incluindo os pardos) é de R$ 2.870, valor que equivale a 84,1% dos salários dos brancos que, em média, ganham R$ 3.411. Há apenas 4,8% de negros e pardos em cargos de diretoria e superintendência. Um total de 30,3% dos negros nunca foi promovido, enquanto entre os brancos este número cai para 22,8%.