Sindicato dialogou com banco e garantiu liberação dos funcionários
Depois de muita conversa com a administração do Bradesco, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre conseguiu que os 40 funcionários da agência Nossa Senhora dos Navegantes fossem dispensados de trabalhar nesta sexta-feira (28). Essa unidade do banco, a maior da zona norte na capital gaúcha, foi alvo do ataque de três assaltantes no dia anterior (27).
Os assaltantes permaneceram por quase quatro horas no interior da agência, chegaram até a acalmar funcionários mais nervosos, mas usaram de uma pressão psicológica pouco vista nesse tipo de ação criminosa.
O efeito pode ser notado às 7h da manhã desta sexta-feira, em frente à agência localizada na esquina das avenidas Farrapos e Sertório. Houve trabalhadores que não conseguiram dormir à noite. Casos de bancários e bancárias que sentiram medo ao chegar ao trabalho eram corriqueiros.
“Nosso papel aqui foi conscientizar os administradores do Bradesco que os trabalhadores dessa agência deveriam ser dispensados. Essas pessoas estão em sofrimento psicológico. Não têm condições de trabalhar. Vi colegas chorando ontem e hoje”, disse o diretor do SindBancários e funcionário do Bradesco, Luis Gustavo Soares.
A ação dos assaltantes foi marcada pelo “profissionalismo”. Eles entraram por volta das 7h30 e esperaram o temporizador do cofre abrir. Tinham informações pessoais da maioria dos funcionários e até fotografias.
Daí a violência psíquica e a pressão psicológica para manter os funcionários dominados dentro da agência. No dia do assalto, dirigentes sindicais foram garantir que os bancários e bancárias tivessem tratamento decente. Afinal, eram vítimas de trauma por violência.
Durante todo o expediente desta sexta-feira, dirigentes sindicais ficaram em frente à agência. Não houve fechamento.
A gerência do Bradesco entendeu que se tratava de um caso de incapacidade de trabalhar pelo trauma causado pela ação dos bandidos. Os funcionários ficaram por cerca de duas horas reunidos com dois psicólogos da empresa e, após orientação do SindBancários, foram para casa. Trabalhadores de outras agências do banco foram chamados para substituir os colegas e mantiveram o atendimento aos usuários.
O diretor do SindBancários, Jailson Bueno Prodes, explicou que a ação do Sindicato buscou preservar a saúde dos trabalhadores. “Pessoas que sofrem violência, seja psíquica ou física num assalto, precisam se recuperar descansando e perto da família. Não é trabalhando que a pessoa esquece que foi assaltada”, disse.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, também esteve na agência, no final da manhã desta sexta-feira, e elogiou a ação dos dirigentes do SindBancários durante a negociação para a dispensa dos funcionários.
“Vim aqui ver se os trabalhadores, tanto os bancários e bancárias quanto os vigilantes, estavam recebendo acompanhamento psicológico. A ação do SindBancários foi exemplar. Foi rápida, negociada e eficiente. Tanto os bancários quanto os vigilantes já foram descansar com suas famílias e esperar o ano novo em casa”, disse Nespolo.