Bancários contestam truque da Fenaban de que metas são “desafiadoras”

Na primeira rodada de negociação, ocorrida nos dias 7 e 8, os bancos, ao serem questionados pelo Comando Nacional sobre as metas que levam grande parte da categoria ao adoecimento, disseram que elas não são abusivas, mas “desafiadoras”.

Os representantes dos trabalhadores apresentaram o resultado de uma ampla consulta a cerca de 12 mil bancários de São Paulo, Osasco e região que apontaram a preocupação com o fim das metas abusivas, 72%, e o combate ao assédio moral, 67%.

As metas “desafiadoras” dos bancos fizeram com que a categoria, mais uma vez, colocasse a Boca no Trombone por meio do espaço disponibilizado pelo Sindicato dos Bancários de são Paulo. Estão denunciadas as doenças adquiridas com o passar do tempo devido às cobranças por metas abusivas: depressão, stress, síndrome do pânico e lesão por esforço repetitivo (LER) são as principais.

O debate de saúde será retomado na rodada desta quarta e quinta, dias 15 e 16, com negociações a respeito da pausa de 10 minutos a cada jornada de 50 minutos trabalhados e a situação dos bancários afastados por doença que, diante da demora na realização da perícia pelo INSS, ficam sem salário e sem benefício.

Veja alguns dos relatos enviados pelo Boca no Trombone

“Não adoecemos? Então por qual motivo estou desde o ano passado afastado por estresse, pânico, depressão, sem poder passar perto do prédio que atuava, sem poder ver imagens de pessoas que atuavam comigo, me apavorando ao ver alguém com crachá do banco? E tendo de provar isso ao INSS”

“Estou com LER que adquiri por tentar atingir metas abusivas. O pior é ter de ouvir a gerente falar para eu não ir ao médico e aguentar as dores no braço para não prejudicar o serviço. Quando pergunto de meu salário que está muito defasado comparado ao de meus companheiros de equipe com mesmo cargo tenho como resposta que é o que tem para hoje”

“Fiquei afastada dois anos e oito meses devido a LER no punho. Passei por reabilitação profissional na Previdência e fui considerada inelegível, mas mesmo assim a Previdência me deu alta. Fiz perícia no Detran e me deram a CNH para deficiente devido a LER crônica no punho. No atestado de retorno ao banco tive de dizer que estava mais ou menos bem para não ter que ficar sem receber nem da Previdência, nem do banco”

“Já não se consegue fazer a pausa de 10 minutos. A cobrança está violenta, ficando insuportável. O assédio está cada vez mais presente, uma verdadeira tortura psicológica todos os dias.Tem hora que se tem a impressão que precisaremos de um verdadeiro milagre para cumprir o tempo”

“Fui funcionária do banco por 23 anos e sempre trabalhei como sombra de tesoureiro mesmo sendo caixa. Depois, para ser promovida a tesoureira, tive que participar de dinâmica. Uma palhaçada, porque já exercia o cargo. Sai do banco há três meses com várias doenças ocupacionais”

“Estou doente física e mentalmente e ainda tenho de conviver com discriminação entre colegas de área. Vou me afastar, não aguento mais!”

“A maioria das agências estão com o quadro de funcionários reduzido, mas cobram atendimento, metas e todos os serviços resolvidos. Até quando vamos aguentar? Aqueles que não estão doentes vão acabar ficando. Bancário tem vida pós-banco!”

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