Circulam novos rumores sobre interesse do Santander no Mercantil do Brasil

Rumores de venda do Mercantil do Brasil – uma das últimas instituições financeiras mineiras – voltaram a circular no mercado nesta semana. Desta vez, o possível comprador é o espanhol Santander, que adquiriu o Real em 2007 e tem apetite para crescer mais. O Mercantil nega qualquer negociação, enquanto o suposto interessado diz apenas que não comenta especulação.

Mas analistas garantem que a compra, se concretizada, estaria no mesmo caminho trilhado pelo sistema financeiro nos últimos anos: o de fusões e aquisições.

“Essa é uma novela. Só não é novela mexicana porque o Mercantil é uma instituição sólida, apesar do porte pequeno. Quem comprar certamente terá um final feliz”, diz a analista e professora de Mercado de Capitais da Fundação Dom Cabral, Rita Mundim. Para ela, o banco só não foi vendido até hoje porque os “dotes” oferecidos para ter a mão da noiva não agradaram aos acionistas.

E conseguir uma opinião unânime dos acionistas do banco mineiro é tarefa difícil. Sócio minoritário e dono de 3 mil ações ordinárias – sem direito a voto -, Sérgio Araújo, filho do fundador Vicente Araújo, está na Justiça pedindo a reversão da capitalização no valor de R$ 45 milhões. A proposta foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) de acionistas em dezembro do ano passado. A decisão deflagrou uma guerra entre os detentores de ações ordinárias.

O grupo de controle registrado na Comissão de Valores Mobiliados (CVM) é composto por diferentes grupos e tem 57,54% do capital votante. Fazem parte do acordo de acionistas o controlador Milton de Araújo (22,51%), que assumiu a presidência após a morte do irmão Vicente, Maurício de Faria Araújo (6,86%), Renato Augusto de Araújo (4,36%), Sapil Ltda (6,67%), Agropar Belo Vale S/A (8,32%), Marisa de Araújo Longo (2,82%), Milton Loureiro Júnior (3,07%) e Eliana Maria Loureiro Rocha (2,93%).

Um analista, que pediu sigilo, disse que o Santander já esteve mesmo interessado no negócio. Mas teria desistido da compra por causa da briga entre os sócios. “O banco é comandado por familiares que não se entendem e pouco se profissionalizaram. É nanico, e não tem musculatura para crescer. Sua única salvação é mesmo ser vendido para algum grupo forte”, disse uma outra fonte do mercado, que também não quis ser identificada. O Mercantil deu um passo nessa direção quando vendeu a seguradora Minas Brasil para a suíça Zurich, uma transação de R$ 230 milhões.

Segundo o analista de instituição financeira da Consultoria Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, a aquisição do Mercantil pelo Santander poderia ampliar a penetração do banco espanhol em Minas, onde sua presença ainda é pequena – o Mercantil possui 179 agências no total, a maioria em cidades mineiras.

Santacreu considera ainda que, sozinho, é difícil para o Mercantil do Brasil brigar pelo cliente do varejo. Hoje, numa lista de 127 ‘instituições bancárias, elaborada pela consultoria, o banco está na 21ª posição no ranking de crédito, com uma carteira de R$ 4,205 bilhões. Já a relação da despesa sobre a receita ficou em 76,9% em 2009, enquanto em outros bancos a proporção é 50%. “Isso significa que a cada R$ 76,90 gastos, o banco tinha R$ 100 de receita”, detalhou.

O índice de Basileia, acordo de supervisão bancária assinado na Suíça, está em 13,3% do patrimônio líquido de referência, pouco acima dos 11% mínimos exigidos. No primeiro trimestre, o Mercantil teve lucro líquido de R$ 113,58 milhões. Durante todo o ano de 2009, foram R$ 40,4 milhões. O que explica o superaumento foi o resultado de uma ação judicial junto a União, relativa ao recolhimento indevido de Cofins nos últimos anos.

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