Reunião do Brics no dia 15 criticará demora na reforma financeira global

Os líderes do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vão destacar sua “profunda decepção” com a demora na reforma do sistema financeiro mundial, no documento final a ser divulgado na próxima terça-feira (15), último dia do encontro de cúpula, em Fortaleza, capital do Ceará.

Embora decididas em 2010, na reunião do G-20 financeiro – grupo das 20 maiores economias do mundo -, as mudanças que têm o objetivo de dar maior peso às nações emergentes em organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) não se concretizaram, devido ao desinteresse dos países desenvolvidos.

– Vamos demonstrar nossa frustração com a paralisação do processo de reforma – disse uma fonte da área econômica, que está trabalhando no tema e não quis se identificar.

Serão assinados quatro atos no evento em Fortaleza: o lançamento de um acordo contingente de reservas, em que estarão disponíveis US$ 100 bilhões para ajudar os países do Brics que estiverem com dificuldades em seus balanços de pagamentos; a criação de um banco para financiar projetos de infraestrutura; um memorando de cooperação entre as agências de garantia de crédito à exportação; e um convênio entre os bancos de desenvolvimento das nações do bloco – no caso brasileiro, o BNDES.

Segundo essa fonte, com um capital de US$ 50 bilhões, o banco de desenvolvimento do Brics vai financiar projetos de infraestrutura que sejam sustentáveis dos pontos de vista ambiental, social e econômico.

BRASIL QUER PRESIDIR INSTITUIÇÃO

Em um futuro próximo, países fora do bloco poderão se beneficiar com os empréstimos. Falta decidir, continua essa fonte, onde ficará a sede do banco e que país assumirá a presidência rotativa da instituição, que terá mandato de cinco anos não prorrogáveis.

– O Brasil não tem interesse em sediar o banco, mas gostaria de ser o primeiro presidente – revelou o técnico.

E a China deve propor a entrada da Argentina no bloco. A informação foi divulgada ontem pela agência de notícias oficial da Argentina, Télam, citando fontes da chancelaria chinesa.

Na terça-feira, o subsecretário para Assuntos Políticos do Itamaraty, José Alfredo Graça Lima, afirmara que os textos finais para a criação do banco de investimentos do Brics e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR, uma espécie de fundo) estão “praticamente sacramentados” e passam agora apenas por revisão da área jurídica dos países.

Paralelamente à cúpula do Brics, a presidente Dilma Rousseff terá reuniões bilaterais com cada um dos chefes de Estado do bloco: o presidente da China, Xi Jinping; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; e os presidentes da Rússia e da África do Sul, Vladimir Putin e Jacob Zuma, respectivamente.

Terminado o encontro de cúpula em Fortaleza, os chefes de Estado desembarcarão em Brasília, na próxima quarta-feira, para uma reunião com os presidentes da América do Sul. A expansão do comércio e dos investimentos com a região será o principal assunto a ser tratado.

De acordo com o Palácio do Planalto, após o encontro entre Brics e sul-americanos, Dilma receberá o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Junto com os Estados Unidos, a União Europeia quer saber detalhes sobre os mecanismos a serem criados pelo Brics.

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