Trabalhadores votaram pela rejeição da proposta de 6% da Fenaban
Em todo o país, os bancários promovem manifestações para deixar claro aos bancos: a proposta de 0,7% de aumento real é insuficiente. O dia nacional de luta, que nesta segunda-feira 3 paralisa agências dos maiores bancos em todo o país, é apenas um recado.
Em São Paulo, a manifestação ocorreu em cerca de 47 agências do centro velho, região da Praça da Sé e também em quatro concentrações. Os bancários compareceram na Praça do Patriarca, às 11h, para uma votação simbólica sobre resultados das negociações realizadas até agora e os próximos passos da Campanha 2012.
“Essa atividade nacional tem como objetivo mostrar que os bancários não estão de brincadeira e vão à luta por uma proposta decente. Com crise ou sem crise vemos que os bancos estão lucrando muito e é disparado o setor da economia que mais ganha, portanto é inaceitável a proposta apresentada até o momento”, afirma a presidenta do Sindicato Juvandia Moreira.
Na véspera de mais uma rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban), nesta terça 4, os trabalhadores deixam claro que se querem mesmo resolver a Campanha na mesa de negociação, como dizem, os bancos têm de apresentar proposta muito melhor.
Juvandia, uma das coordenadoras do Comando, também ressalta que “os bancos precisam atender ainda outras demandas fundamentais à categoria, como contratar mais para reduzir a sobrecarga e melhorar as condições de trabalho, com respeito à jornada e o fim das metas abusivas”.
Nas sete rodadas realizadas desde o início das negociações, em 7 de agosto, os bancos avançaram pouco em relação às reivindicações da categoria. “A pauta dos bancários foi definida democraticamente, em encontros de trabalhadores realizados por todo o Brasil. É totalmente factível e reflete as necessidades da categoria. Precisa ser respeitada pelos bancos”, completa a presidenta do Sindicato.
“Os ganhos reais dos trabalhadores são o principal motor da economia nacional e os bancos estão devendo à sociedade brasileira. É um dos setores que menos cria postos de trabalho e, por enquanto, querem pagar um dos menores reajustes aos seus funcionários. Não vamos aceitar!”, destaca.
Bancários na luta!
E os trabalhadores das agências paralisadas nesta segunda-feira apoiam o ato do Sindicato. “Já estamos vivendo uma expectativa de atividades como essa, que apoio e acredito que poderá refletir na negociação de amanhã, com uma proposta melhor. Porque 6% ninguém merece”, diz um bancário do Itaú do prédio da Patriarca.
O ato também valerá a pena e deve arrancar um índice melhor dos banqueiros segundo outra trabalhadora da mesma concentração: “O índice de 6% é muito ruim se levarmos em consideração o que passamos no dia a dia e o que os bancos lucraram”.
Veja abaixo outros itens da proposta global dos bancos
Assédio moral
O instrumento de combate ao assédio moral será mantido, mas tem de ser aprimorado. Os trabalhadores querem que o programa seja mais divulgado para os bancários e que o processo de apuração das denúncias tenha mais efetividade.
Também foi cobrado que todos os bancos participem. O Banco do Brasil não aderiu ao instrumento. O Comando apontou, ainda, que o instrumento de combate é só uma medida e que para pôr fim ao assédio moral é preciso acabar com as metas abusivas.
Igualdade
Novo censo da categoria será realizado. A Fenaban aceitou a proposta do Comando e se comprometeu em, ao longo de 2013, fazer o planejamento, preparação e sensibilização dos trabalhadores para aplicação da pesquisa no início de 2014.
Os debates entre representantes dos bancos e dos bancários serão na mesa temática de igualdade de oportunidades. O objetivo é saber das condições das mulheres, dos negros, das pessoas com deficiência, e trabalhar para que todos tenham as mesmas oportunidades nas instituições financeiras.
Segurança
A proposta do Comando de fazer um projeto piloto de segurança foi aceita pela Fenaban, em local ainda a ser definido. O objetivo é cruzar estatísticas do passado e do presente que mostrem a importância das ações implementadas, como portas de segurança e biombos entre os caixas e as filas.
Um grupo formado por representantes dos bancários e dos bancos acompanhará e avaliará o trabalho para estabelecer medidas que possam ser implementadas.
Emprego
Os bancos se negaram a debater emprego, informando que essas questões devem ser resolvidas em acordo coletivo de trabalho, ou seja, banco a banco. Diante disso, o Contraf-CUT enviou carta a cada uma das instituições que compõem a mesa da Fenaban, solicitando reunião para discutir demandas fundamentais à categoria, como mais contratações, fim da rotatividade, da terceirização e das dispensas imotivadas, respeito à jornada de seis horas e universalização dos serviços bancários.
Saúde
Os bancos se comprometeram com atuação emergencial junto aos trabalhadores afastados que ficam sem salário e benefício até a perícia do INSS ou devido à alta programada. Cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho deve definir quanto, como e até quando pagar os salários dos afastados.
Representantes dos bancários e da Fenaban procurarão a Previdência para cobrar solução para o problema. Os bancos também devem se posicionar sobre o desrespeito ao direito à reabilitação após adoecimento.