Justiça de Nova York processa Bank of America por fraude em fusão

Folha de São Paulo
Janaina Lage, de Nova York

O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, apresentou um processo contra o Bank of America e dois ex-executivos do banco: Kenneth Lewis, ex-presidente, e Joe Price, ex-diretor de finanças. Eles são acusados de enganar os acionistas e o governo dos EUA no processo de fusão com o Merrill Lynch.

“Ao longo do episódio, a conduta do Bank of America, desde a sua mais alta administração, foi motivada por interesse próprio, ganância, excesso de confiança e um sentimento palpável de que as regras do jogo não se aplicam a eles”, afirma o processo.

Em setembro de 2008, o mês em que a crise financeira explodiu em Wall Street, começou o processo de fusão entre os dois bancos, O procurador-geral afirma que, para fechar o negócio, a administração do banco enganou os acionistas ao não apresentar as perdas gigantescas que se acumulavam nos resultados do Merrill Lynch.
De acordo com o processo, depois que o negócio foi aprovado, os administradores manipularam o governo federal alegando que, sem uma operação de socorro, o negócio poderia ser desfeito com base em uma cláusula que constava do acordo de fusão.

Na acusação, o procurador afirma que, em novembro, o então diretor de finanças sabia que as perdas somavam cerca de US$ 5 bilhões e decidiu comunicar aos acionistas. Pouco depois a decisão foi revertida e as perdas foram gradativamente aumentando sem que os acionistas tivessem conhecimento. No início de dezembro, elas chegavam a US$ 10 bilhões.

Segundo a acusação, logo após a aprovação do negócio, em dezembro, os executivos procuraram o governo alegando que as perdas haviam crescido rapidamente na semana após a aprovação e que não sabiam se poderiam de fato consumar a fusão. No final, receberam do governo cerca de US$ 20 bilhões, além de outros US$ 10 bilhões que já haviam sido combinados antes das negociações em dezembro. A fusão foi fechada no dia 1º de janeiro.

O processo foi anunciado no mesmo dia em que a SEC, a comissão de valores mobiliários americana, detalhou um acordo em que o banco se compromete a pagar US$ 150 milhões para encerrar dois casos. Um deles trata das perdas do Merrill Lynch e o outro é sobre o pagamento de bônus às vésperas da fusão.

O Bank of America se disse desapontado com as acusações, afirmou que as provas mostram que o banco e os executivos agiram de boa fé e que eles se defenderão das acusações.

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