O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro realizou, na manhã desta quinta-feira (6) um grande protesto contra o Itaú Unibanco pela prática da homofobia. A manifestação foi no interior da agência da Rua Augusto Vasconcelos, em Campo Grande, onde o gerente Cesar Ribeiro demitiu, no último dia 26 de abril, a bancária Márcia Cristina Tomé Líbano, poucos meses após saber que ela era homossexual.
Além da diretoria do Sindicato, participaram do protesto a coordenadora do Núcleo de Mulheres do Grupo Arco-Íris, Patrícia Estêves, o deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ), o procurador e ex-deputado federal Antônio Carlos Biscaia e o coordenador do Coletivo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) da CUT, Adilson Barros. Todos foram unânimes em questionar o banco e condenar o gerente por discriminar, assediar e perseguir a bancária, chegando a demiti-la.
A diretora do Sindicato, Vera Luiza Xavier, criticou o Itaú Unibanco e o gerente pela dispensa e avisou que o Sindicato vai procurar todas as entidades da sociedade ligadas à defesa dos direitos civis, e exigir o seu cancelamento. “O Itaú vai ter que mostrar se é contra ou a favor da homofobia. Vamos intensificar as mobilizações e entrar em contato, inclusive, com organizações não governamentais internacionais para denunciar este fato gravíssimo, também em outros países”, afirmou a dirigente.
Lei estadual pune discriminação
A coordenadora do Grupo Arco-Íris, Patrícia Estêves, classificou o caso como absurdo. “É inconcebível termos, em pleno século XXI, um gerente que persegue uma bancária, a assedia moral e sexualmente, invade a sua privacidade, a sua conta bancária e, por fim, a demite quando não consegue alcançar seus objetivos”, afirmou.
Patrícia acrescentou que o Grupo Arco-Íris, as entidades de defesa dos direitos dos homossexuais e entidades representativas de outros setores da sociedade não vão se calar enquanto a demissão da bancária não for cancelada e punidos os responsáveis pela discriminação.
Minc lembrou que a sociedade deve combater, sistematicamente, a discriminação a homossexuais. Acrescentou que a lei 3.406/2000, determina uma série de penalidades a estabelecimentos privados que pratiquem a homofobia, podendo chegar à interdição.
Biscaia cobrou do banco o respeito à cláusula da Convenção Coletiva dos bancários, que prevê aos homossexuais o direito de ter seu companheiro, ou companheira, no plano de saúde. Ele frisou que este direito foi negado à Márcia, podendo ser mais um fato caracterizador de discriminação.
Tanto Minc quanto Biscaia se colocaram à disposição do Sindicato para tomar medidas políticas e jurídicas no sentido de punir os responsáveis pelos danos causados à bancária, bem como lutar pelo cancelamento da demissão.
CUT cobra coerência do Itaú
Barros cobrou coerência do Itaú. Lembrou que o banco participa da comissão temática que discute com os bancários o combate à homofobia e faz vista grossa concordando com uma demissão que ocorreu unicamente por preconceito.
O diretor do Sindicato, Ronald Carvalhosa, afirmou que a entidade quer fazer este debate com o banco. “Queremos saber dele se esta é uma ação isolada de um gerente, e aí, caberia a reintegração e a punição, ou se esta é uma política institucional, sendo que, neste caso, a responsabilidade é do Itaú”, afirmou.