Convocada pelo gerente geral da agência Bradesco do Centro, a Polícia Militar de Campos acabou agredindo e levando preso o presidente do sindicato dos bancários local, Rafanele Alves Pereira. Antes de ser levado na caçamba da viatura, o dirigente foi violentamente agredido por cinco policiais, que o encurralaram contra uma parede.
Levado para a delegacia para prestar depoimento, Rafanele registrou queixa contra os PMs que o agrediram e vai pedir o exame de corpo de delito para comprovar que os ferimentos foram causados pela ação dos policiais.
O PM que o agrediu com maior violência, identificado como Cabo Jean, alegou também ter sofrido agressões e o sindicato vai exigir que o policial passe também por exames para verificar se as lesões são fruto da reação de Rafanele.
O presidente da OAB Campos, Filipe Franco Estefan, esteve na delegacia e indicou um advogado criminalista para ficar à disposição do sindicato e de Rafanele.
Covardia
A confusão começou quando dois clientes forçaram a passagem para entrar na agência. Os dois começaram a chutar o dirigente que fazia o piquete, Sebastião Jorge, o Zico, que reclamou com os PMs que estavam dentro do hall eletrônico. O sindicalista, então, reagiu, defendendo-se das agressões, e houve um princípio de luta. Foi tudo o que os policiais esperavam.
Rafanele, que estava do lado de fora da unidade, foi encurralado pelos policiais contra uma parede e agredido a golpes de cassetete. Dirigentes do sindicato acreditam que os clientes que começaram a confusão podem ter sido plantados pelo banco ou pela PM para provocar os piqueteiros.
Antes da prisão, a agência estava aberta, mas sem condições de funcionar. Só havia em seu interior, além do gerente geral, um tesoureiro e um funcionário para validar os depósitos efetuados nos caixas eletrônicos.
Os dois bancários entraram na unidade depois de uma negociação com os dirigentes sindicais para garantir que a unidade, a maior da região, funcionasse parcialmente para não prejudicar a população. A PM tentou fazer os clientes entrarem, mas a unidade não tinha funcionários suficientes para atender o público.
Estacionamento proibido
Em Angra dos Reis, a PM tentou intimidar os bancários e dirigentes sindicais durante a realização de uma assembleia de avaliação do movimento grevista. A plenária, realizada na sexta-feira (25), acontecia num restaurante em Paraty e uma viatura com policiais fortemente armados permaneceu estacionada ao lado do local durante todo o tempo.
O sindicato dos bancários local informa que a repressão policial no Bradesco vem acontecendo desde o primeiro dia de greve. Mesmo assim, o movimento está forte nos cinco municípios da base do sindicato, com cerca de 90% das agências paradas, inclusive PABs do BB.
Não matam, mas ferem
Dirigentes do Seeb Itaperuna enfrentaram a truculência da Polícia Militar, convocada pelo gerente da agência do Bradesco. Os PMs usaram cassetetes e spray de pimenta contra os sindicalistas que estavam em frente à unidade convencendo os bancários a aderirem à greve.
A agência abriu às 14h e os policiais permaneceram dentro da unidade até o fim do expediente para evitar que os diretores do sindicato voltassem a fechá-la. Como em outros municípios da base da Federação, a PM itaperunense está atuando como guarda particular, a serviço dos interesses de um banco privado.
Enterro de gerente
Em Nova Friburgo, onde a PM tem sido chamada para reprimir os piquetes no Bradesco desde o início da greve, o sindicato dos bancários local fez o enterro simbólico dos gestores do banco, com direito a caixão de verdade e coroa de flores.
Um judas foi pendurado na fachada da principal agência da base, representando os gerentes que convocam a força policial para intimidar os bancários a furarem a greve.
Enquanto os policiais não haviam chegado, a manifestação foi tranqüila e contou com o apoio dos passantes e cobertura dos veículos de comunicação da região. Mas a PM acabou com a atividade, conduzindo os bancários para o interior da agência e abrindo-a para o atendimento ao público.
Problemas em Niterói
O Bradesco começou o quarto dia de greve com uma orientação de abrir todas as agências na região de Niterói a partir das 11h. A ordem foi dada em uma teleconferência com os gerentes, organizada por um executivo do banco. Mas a informação vazou e o Sindicato dos Bancários de Niterói e Região armou uma operação para impedir que o banco funcionasse.
Como os bancários estão mobilizados e dispostos a aderir à greve, o banco apelou para o assédio moral. Os gestores ligaram convocando seus subordinados a se dirigirem para as portas das agências por volta de 10:30 e chamaram a polícia para “garantir o direito de ir e vir de quem quiser trabalhar”. Mas, para os dirigentes, os bancários revelaram que não queriam entrar e que estavam sofrendo coação.