A greve nacional dos bancários começou nesta terça-feira, dia 30, com toda força em Pernambuco. Logo no primeiro dia, o movimento contou com a adesão de 55% dos 12 mil bancários do estado. Das 610 agências pernambucanas, os bancários paralisaram as atividades em 337.
O movimento começou mais forte nos bancos públicos, com a adesão de 80% dos trabalhadores. Nas instituições financeiras privadas, a paralisação ficou em torno de 30%. Além das agências, a greve também atingiu os centros administrativos dos bancos.
Logo no início da manhã, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco realizou uma série de atos nas principais agências do Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste no Recife. As atividades ajudaram a mobilizar os bancários, que aderiram massivamente à greve na capital pernambucana. No interior, a paralisação no primeiro dia foi mais forte em Cabo, Carpina, Vitória de Santo Antão, Gravatá, Bezerros, Bonito, Arcoverde, Serra Talhada e Salgueiro, entre outras cidades.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, os bancários estão de parabéns pelo primeiro dia de greve. “Conseguimos iniciar o movimento com muita força. A adesão no primeiro dia foi maior que no início da greve do ano passado, quando, no auge do movimento, paralisamos mais de 80% das agências bancárias de Pernambuco. É importante que a greve seja forte desde o começo para que os bancos sintam a pressão e retomem as negociações. Quanto mais forte for a paralisação, mais rápida será a greve”, diz.
Jaqueline destaca que, apesar da força da greve, a federação dos bancos (Fenaban) não fez nenhum contato com o Comando Nacional dos Bancários para retomar as negociações.
“É lamentável, pois os bancários só foram à greve porque a Fenaban não atendeu nenhuma reivindicação durante todo o processo de negociação. As empresas tiveram mais de um mês e meio para nos apresentar uma proposta decente, mas preferiram empurrar seus funcionários para a greve, prejudicando a população. Continuamos abertos ao diálogo com os bancos, mas vamos fortalecer a greve nos próximos dias para garantir uma proposta que realmente atenda nossas reivindicações”, diz.
Entre as principais reivindicações dos bancários estão o reajuste salarial de 12,5% e a valorização do piso para R$ 2.979,25, valor equivalente ao salário mínimo calculado pelo Dieese. Os bancários também têm reivindicações que visam proteger o emprego, acabar com a terceirização e melhorar as condições de trabalho e saúde, como o combate às metas abusivas e ao assédio moral.
Depois de oito rodadas de negociação, os bancos só ofereceram 7,35% de reajuste (0,94% de aumento real) no salário, na PLR e nos auxílios, além de 8% (1,55% acima de inflação) de aumento no piso. A proposta dos bancos não atende nenhuma reivindicação sobre emprego, saúde, condições de trabalho e outras importantes demandas dos bancários.
Próximos dias
O Sindicato vai continuar realizando atos diários durante toda a greve. Nesta quarta-feira, 1º de outubro, segundo dia de paralisação, as atividades vão se concentrar nas agências da Avenida Guararapes, a partir das 9h.
Nesta quinta-feira, dia 2, o Sindicato realiza um protesto em frente à sede do Banco Central no Recife, das 10h às 12h. O objetivo da manifestação, que será realizada pelos bancários em todas as cidades do país com representação do BC, é repudiar as propostas de independência do Banco Central e defender o fortalecimento do papel dos bancos públicos. Os dois temas estão no centro do debate eleitoral e a categoria tem posição histórica definida em seus fóruns nacionais.
Também na quinta-feira, às 18h, o Sindicato realiza nova assembleia com os bancários para avaliar os primeiros dias de greve e organizar a mobilização para os dias seguintes.