O Banco da Amazônia anda na contramão do diálogo. A instituição não respondeu as correspondências enviadas pela Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) e Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba), reivindicando a manutenção da agência Porto Alegre, uma vez que o Conselho de Administração decidiu no dia 29 de janeiro encerrar as suas atividades.
Enquanto silencia, o banco prepara o fechamento da unidade para o próximo dia 14 de maio. Os clientes já estão sendo inclusive avisados e um cartaz foi afixado na fachada interna da agência.
Presidente faz reunião-surpresa com os funcionários
No início da manhã do dia 18, o presidente do Banco da Amazônia, Abidias José de Sousa Júnior, fez uma reunião-surpresa com os funcionários, explicando que a extinção ocorre em função da política de centralizar a atuação na Região Amazônica. Ele garantiu a realocação dos interessados em outras dependências, a critério do empregado.
Abidias também informou que os funcionários que optarem pelo desligamento terão os mesmos benefícios concedidos por ocasião do fechamento da agência Rio de Janeiro. Após o contato com os trabalhadores, voltou para Belém, sem qualquer diálogo com o Sindicato.
Descaso com a representação dos bancários
“Ao optar por ignorar as entidades sindicais e representativas e dialogar diretamente com os funcionários, no melhor estilo neoliberal, o presidente do banco desrespeita o processo de negociação coletiva, o que é inaceitável numa empresa pública”, critica o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, que conversou com os empregados na quinta-feira, dia 25, junto com o diretor do SindBancários, Sérgio Teixeira.
“Ele perdeu uma excelente oportunidade para discutir com o movimento sindical os motivos que levaram o banco a fechar a agência. A nosso ver, essa medida se contrapõe à política do governo federal de fortalecimento dos bancos públicos para ampliar o crédito e melhorar a prestação de serviços aos clientes e usuários”, destaca Sérgio.
Na avaliação da Contraf-CUT, SindBancários e Aeba, é positivo a abertura de agências na Região Amazônica, a exemplo da unidade em Várzea Grande, no Mato Grosso, inaugurada nesta semana. Mas a manutenção de agências em outras regiões do Brasil, como Porto Alegre, São Paulo e Brasília, é estratégica para o crescimento da instituição, considerando-se que muitas empresas atuam hoje em todo país e a existência de uma rede nacional é importante para qualificar o atendimento, a realização de negócios e o fortalecimento da instituição.
“O fechamento da agência Porto Alegre é uma verdadeira crônica da morte anunciada, uma vez que o banco não investiu para revitalizar a unidade, há muitos anos não realiza concurso público na capital gaúcha, quase todos os funcionários já estão aposentados pelo INSS e a reestruturação ocorrida há dois anos encolheu ainda mais o quadro de pessoal e a capacidade de alavancar resultados”, conclui Ademir.