Mais uma etapa da organização da Campanha Nacional dos Bancários 2014 ocorre neste sábado (19), a partir das 9 horas, em São Paulo. Trata-se da 16ª Conferência Estadual, que está sendo promovida pela FETEC-CUT/SP, com a previsão de reunir 343 delegados. O evento acontece no Hotel Braston (Rua Martins Fontes, 330), no bairro República.
Além dos debates em torno das propostas que serão encaminhadas para a 16ª Conferência Nacional dos Bancários, a edição deste ano homenageará o ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, deputado federal constituinte e ministro do governo Lula, Luiz Gushiken, falecido em 13 de setembro de 2013, após lutar por doze anos contra um câncer no estômago.
A homenagem ao “Gushi”, como carinhosamente era conhecido, visa resgatar uma trajetória de muitas lutas, iniciada como cipeiro do extinto Banespa e evoluindo até importante articulador de um novo governo democrático-popular.
Nascido em 8 de maio de 1950, na cidade de Osvaldo Cruz, região de Presidente Prudente, mudou-se ainda jovem para a capital paulista, tendo ingressado no Banespa em 1970. Sua militância política propriamente dita teve início juntamente com colegas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e estudantes de outros cursos e universidades.
Nesse período, além das atividades de cipeiro do Banespa, passou a compor a Oposição à então diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo que, naquele momento, seguia um modelo burocrático e assistencialista, sem uma verdadeira representação dos trabalhadores.
Com a greve de 1978, a Oposição se fortaleceu, vencendo no ano seguinte a eleição da Retomada no Sindicato.
Como ferrenho defensor das liberdades democráticas, contra a Ditadura Militar, Luiz Gushiken foi cassado por duas vezes, já como integrante da direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, onde também exerceu importante papel na formação sindical de trabalhadores e na organização das Oposições Bancárias do interior e de outros estados, ampliando assim a unidade da categoria em todo o país. Incentivou a criação de vários sindicatos no interior do Estado de SP, o que modelou e possibilitou alguns anos depois a fundação da primeira federação cutista, a FETEC-CUT/SP.
Durante o processo de redemocratização do país, Gushiken sucedeu Augusto Campos na presidência do Sindicato, comandando, em 1985, uma das maiores greves da categoria. Foi um dos fundadores e dirigentes do PT (presidente nacional do partido, de 1988 a 1990) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Foi deputado federal por três legislaturas (inclusive na Assembleia Constituinte de 1987) de 1987 a 1999, chegando a propor projeto de lei para que as agências bancárias tivessem horário de atendimento estendido para das 9h às 17h.
Luiz Gushiken defendeu os fundos de pensão, notabilizando-se pela defesa da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, o qual durante as privatizações promovidas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso foi acusado de ter sido usado para engordar consórcios de corporações estrangeiras em leilões do setor siderúrgico, elétrico e de telefonia.
Visionário, também se destacou ao coordenar as campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1989 e 1998. Posteriormente, foi chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República e do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República durante o governo Lula.
Em 2006, deixou definitivamente o governo, passando a travar mais uma batalha. Desta vez, contra as acusações de envolvimento na Ação Penal 470. Absolvido, em março de 2014, ganhou ação indenizatória contra a Revista Veja, a qual fora condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a pagar aos seus familiares uma indenização de R$ 100 mil.
“Gushiken foi um gigante, cuja vida foi repleta de batalhas para a construção de um Brasil melhor. Que em nossa luta possamos sempre tê-lo como modelo de dedicação e perseverança. Por isso, essa 16ª Conferência Estadual da FETEC-CUT/SP é dedicada a sua memória”, afirma Luiz César de Freitas, o Alemão, presidente da FETEC-CUT/SP.