Contraf-CUT presente: nos protestos em Wall Street e na conferência da CWA
A luta internacional dos trabalhadores do setor financeiro tomou as ruas de Wall Street, em Nova Iorque, na terça-feira (18), marcando o Dia de Ação Global (Global Day of Action) e reforçando a campanha mundial por melhores condições de trabalho para os bancários dos EUA, que representam um terço dos bancários de todo mundo.
Apesar do frio intenso, houve protestos em frente ao prédio do Citibank e visitas às agências do Bank of America, HSBC, Santander e outros bancos. Na rede social, nesse dia, a tag #BetterBanks foi apoiada por mais de 1 milhão de pessoas.
O ato foi promovido pela UNI Global Union – entidade que representa 20 milhões de trabalhadores de mais de 900 sindicatos de setor de serviços em todo o mundo -, a CWA (Communications Workers of América), que representa os trabalhadores na área de comunicações dos EUA, e o Comitê por Melhores Bancos, com a participação de movimentos comunitários norte-americanos.
Os brasileiros foram representados pelo presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro, pelo secretário de formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, William Mendes, pelo secretário de relações internacionais da Contraf-CUT, Mário Raia, e pela diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa.
Ainda compareceu uma delegação internacional da Argentina, Colômbia, Tanzânia e Filipinas.
Luta pelo direito à sindicalização
Os bancários norte-americanos, que não possuem sindicatos, recebem bem menos que os trabalhadores da limpeza, que são sindicalizados. Enquanto o bancário ganha cerca de 8 dólares por hora, um empregado da limpeza usufrui 14 dólares por hora.
Sem organização sindical e negociação coletiva, as condições de trabalho dos bancários nos EUA são piores que as de muitos países.
O chefe mundial da UNI Finanças, Mário Monzane, avaliou a mobilização como um novo marco na luta pela organização dos bancários nos EUA. “Estamos conseguindo criar um sentido de solidariedade internacional, com intercâmbio e mapeamento da categoria em nível mundial”.
Para ele, o ato em Wall Street foi um sucesso. “Conseguimos falar com funcionários; o segundo maior jornal de Nova Iorque, o NY Daily News, repercutiu a manifestação; atingimos 1 milhão de apoiadores e recebemos 50 mil mensagens de apoio em três horas. Os trabalhadores sentiram que não estão sozinhos e a campanha será mantida de forma permanente.”
“Estamos trabalhando no sentido de fazer valer o que o acordo marco firmado com o BB prevê para todas as Américas: o direito de os bancários se organizarem em sindicatos, se associarem e estabelecerem negociações coletivas para melhorar as condições de trabalho”, destaca Carlos Cordeiro.
“A nossa participação foi importante porque pudemos identificar, além do absurdo da falta de direitos mínimos que a categoria bancária tem no Brasil e em outros países com sindicatos organizados, que existem ainda diferenças entre os próprios funcionários do BB nos Estados Unidos e nós vamos lutar juntos com a CWA e os trabalhadores norte-americanos para resolver essa situação”, salienta o presidente da Contraf-CUT. “Além de prestar a solidariedade dos brasileiros, levamos ousadia e esperança para organizar a luta dos bancários nos EUA”.
“A luta de classes não tem fronteiras. Nós enfrentamos os conglomerados financeiros globais que estão destruindo a economia real dos países e liderando a destruição dos direitos dos trabalhadores do mundo. Os bancários brasileiros organizados na Central Única dos Trabalhadores (CUT) sempre estiveram à frente de grandes projetos da classe trabalhadora. Agora não é diferente, estamos levando nossa experiência, solidariedade e energia na unidade, para que os bancários americanos consigam construir sua representação sindical organizando, sindicalizando e negociando novos direitos para os trabalhadores do setor financeiro. Isso será importante pra todos nós no restante do mundo”, afirma William.
Também participou da manifestação o diretor regional da UNI Américas Finanças, André Rodrigues.
Conferência da CWA
Os brasileiros também participaram de uma conferência mundial de trabalhadores em call center, na sexta-feira (14), em Orlando. Fizeram parte do encontro os bancários da UNI e a CWA, sindicato que congrega 700 mil trabalhadores operadores de call center dos Estados Unidos.
Junto com outros representantes da América do Sul, África, Ásia e Europa, os brasileiros apresentaram as conquistas dos bancários, frutos da organização sindical com unidade e mobilização.
A luta é de todos
O impacto devastador da crise de 2008 sobre a sociedade em geral faz o movimento ir além da categoria bancária e abarcar toda a classe trabalhadora nos EUA. Segundo o diretor executivo da organização NY Comunities for Change – cuja tradução seria “Comunidades de Nova Iorque para a Mudança” – Jonathan Westin, “os bancos foram salvos e nós fomos colocados para fora”.
“Para parar os lobos, precisamos construir uma casa forte: nosso sindicato”. Essa era a frase que se via nas faixas erguidas pelos trabalhadores em Wall Street e nas postagens na internet, em referência à história infantil e ao especulador ambicioso do filme O Lobo de Wall Street, dirigido por Martin Scorcese.