O Sindicato dos Bancários do Ceará se reúne com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil, às 10h desta quarta-feira (5), em Fortaleza, para apurar fato da mais alta relevância para o funcionalismo, que chegou ao conhecimento da entidade, sendo presenciado em diversas unidades, onde colegas de trabalho foram encontrados chorando durante o expediente de trabalho.
A pressão para o cumprimento de metas e o assédio moral, que geralmente acompanha essas cobranças, têm se tornado uma prática comum para alguns gestores e pode se afirmar que é quase uma “filosofia” para o banco no cumprimento das metas abusivas.
Denúncia
No último dia 31 de maio, um grupo de gerentes, aproximadamente 20, foram convocados a comparecer à Super CE para serem informados que a direção nacional do banco estava exigindo que os gerentes que não cumprissem o subitem da meta – financiamento de veículos – fossem todos descomissionados. O aviso a todos foi claro: “se não cumprirem essa meta, serão todos descomissionados”.
Foi então definido um prazo, até a próxima sexta-feira (8), para que este grupo de gerentes cumpra a meta definida. Para tanto, foi exigido a assinatura em “Termo de Compromisso”. E, pasmem, foi informado que a partir desse “procedimento inovador”, quem não cumprir será descomissionado por insubordinação. Mesmo estando esses gerentes com suas metas de crédito já cumpridas, o que amplia ainda mais a injustiça, pois seriam punidos somente pelo não cumprimento de um subitem de suas metas.
Problemas
Além da gravidade do fato denunciado, aqui residem uma série de outros problemas e ilegalidades. Não é à toa que os sindicatos lutaram muito, e a direção do BB relutou até quanto pode, em contratar cláusula no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que proíbe a perda de função antes da terceira avaliação de desempenho negativa.
Fatos como esse é que justificam a necessidade deste tipo de cláusula, para proteger os colegas país a fora da sanha voraz de pessoas que brincam com a gestão de RH e ignoram as condições reais e humanas para o desempenho das performances.
Portanto, se consta esse procedimento no ACT 2011/2012, o banco não pode produzir outros tipos de artifícios para descumprir o que está contratado nacionalmente e chantagear o funcionalismo dessa forma. Ameaçar e descomissionar por insubordinação não encontram respaldo legal.
Isso é muito grave, não só porque expõe a prática nociva do assédio, mas evidencia o desrespeito com as normas coletivas contratadas nacionalmente.
Outros fatos relevantes que perpassam a denúncia é a evidente falta de gestão e acompanhamento das metas pela empresa. Ficou evidente a falta de feedback para as equipes, pois como que somente no final do semestre, com as metas de crédito já cumpridas pelos gerentes, é que se percebe a importância do subitem financiamento de veículos? Ou se este item ganhou relevância, por que então não redimensioná-lo para os semestres futuros?
Não, mas para essa direção do BB é preciso punir. E punir exemplarmente, inclusive os que cumprem seus objetivos para manter o julgo e a pressão constante sobre todos.
Outra questão
A recente política adota pelo governo federal, e registra-se de forma correta, de redução de juros, tem levado os clientes a tomar outras modalidades de crédito mais baratas, por exemplo o consignado. A direção do BB quer que sejam “empurradas” linhas mais caras, para o atingimento de suas metas?
Além de ir contra as orientações do próprio governo e a idéia da redução das taxas de juros, o próprio cliente está ciente disso. A direção da empresa espera ou induz que seus gerentes enganem a população?
Isso também o Sindicato aceitará e por isso vai apurar os fatos e, caso sejam procedentes, irá tomar uma série de providências para garantir os direitos dos bancários:
– denunciar amplamente o fato e as práticas de assédio moral nos ambientes de trabalho;
– exigir o cumprimento dos termos do ACT 2012, que proíbe o descomissionamento antes da terceira avaliação negativa;
– denunciar o BB por descumprimento de Acordo Coletivo de Trabalho;
– denunciar e promover o competente processo judicial para apuração de prática de assédio moral coletivo;
– apurar a denúncia da prática do assédio moral estrutural, uma vez que houve a informação de se tratar de uma exigência nacional.
O Sindicato conclama a todo o funcionalismo a ser solidário nessa luta, pois o que hoje atinge 20 colegas tem sido prática recorrente nos demais locais de trabalho, acabando com a saúde e a qualidade de vida de milhares de profissionais.
Além disso, o BB está cada vez mais repassando os riscos e as responsabilidades do negócio bancário, que são seus, para seus funcionários. É preciso dar um basta a essa situação!