A greve dos bancários completou, nesta sexta-feira (16), onze dias fechando, segundo dados da Contraf-CUT, 11.818 agências e centros administrativos em todo o país, uma tendência de crescimento que se comprova dia após dia. Só em Rondônia são 112 unidades com as portas fechadas, das 130 existentes no Estado, um índice bem acima dos 85% que supera em muito a greve de 2014.
Novamente, contudo, os bancários se deparam com o completo desprezo dos bancos, que ignoram as cobranças dos grevistas, da população – que já está revoltada com a falta de atendimento – e até mesmo da chamada “grande imprensa”, que começa a divulgar matérias, a nível nacional, dando destaque aos lucros estratosféricos obtidos no primeiro semestre deste ano (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander, os cinco maiores, lucraram mais de R$ 36 bilhões) e à greve que foi desencadeada após a proposta indecente de reajuste de míseros 5,5% nos salários e demais verbas, muito abaixo da inflação do período e muito longe dos 16% reivindicados pela categoria.
“O descaso dos banqueiros só aumenta a indignação dos bancários – que a cada dia, fortalecem o movimento – e à população, que sofre sem atendimento nos bancos. Portanto os bancos são os verdadeiros culpados pela greve, pois com essa proposta rebaixada, e a negação de todas as demais cláusulas da pauta de reivindicação, empurram obrigaram os bancários a cruzar os braços”, analisa José Pinheiro, presidente do Sindicato dos Bancários de Rondônia (SEEB-RO).
Silêncio
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) até o momento não se manifestou e não há perspectivas de retomada das negociações. Os banqueiros insistem na proposta rejeitada: reajuste de 5,5%, abaixo da inflação (9,89%), e abono de R$ 2.500,00.
Este reajuste representa para a categoria uma perda real de 4%. O pior dos últimos tempos. Um total desrespeito, visto que, os bancários reivindicam uma proposta de reajuste digno para os salários, com 16%, reposição da inflação mais 5,7% de aumento real, além de mais contratações, melhores condições de trabalho e medidas de atenção à saúde do trabalhador.
Bancos oferecem pouco, mas cobram muito
Os números são de assustar qualquer um. Na tabela divulgada pelo Banco Central, sobre juros cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo, entre os dias 24 e 30 de setembro, revela as altas taxas anuais cobradas por bancos mais populares e que estão entre os seis maiores do País (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC).
Os juros no Itaú chegam a 631,30% ao ano. No Bradesco, a taxa anual é de 494,60%. O levantamento segue com o HSBC, com taxa de 461, 24% e Santander com 432,39% ao ano. Entre os bancos públicos, destaque para o Banco do Brasil com 307,32% de taxa, e a Caixa, a qual cobra 128,22% de juros ao ano nas operações com cartão de crédito rotativo.