Participando ativamente dos debates do 10º CONCUT, o secretário de Finanças da Central Obrera Boliviana (COB), Ramiro Condori Mena, falou ao Portal do Mundo do Trabalho no Dia da Independência do seu país, 6 de agosto, sobre o intenso processo de transformações que vive a Bolívia, dos inúmeros avanços sociais – entre eles a erradicação do analfabetismo – e do embate eleitoral projetado para dezembro, quando ocorrerão eleições para presidente da República, Senado e Câmara dos Deputados.
Como a COB vê o atual momento político por que passa a Bolívia?
Ramiro Condori Mena – Estamos comprometidos em dar sustentação ao processo de mudanças comandado pelo presidente Evo Morales. A direita golpista e separatista está se rearticulando, trazendo nomes vinculados ao passado neoliberal, às privatizações e desmonte do Estado. Da nossa parte, buscamos a unidade dos trabalhadores e do povo boliviano para defender a democracia e garantir que o processo de mudanças siga avançando.
Na sua avaliação, quais são as principais medidas adotadas pelo presidente Evo Morales?
Ramiro – No governo Evo, uma ampla campanha nacional erradicou o analfabetismo; foram reestatizadas a ENTEL (Empresa Nacional de Telecomunicações) e a Vinto (maior complexo privado de fundição de estanho); criada uma nova empresa Aérea, a BOA (Boliviana de Aviación) – que garante preços mais baixos; refundada a empresa nacional de trens; sem falar na nacionalização da YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), que retomou para o país as riquezas da exploração do petróleo e do gás. Hoje o Imposto Direto sobre os Hidrocarbonetos, o IDH, estimula o desenvolvimento nacional e regional. Os lucros das estatais também passaram a ser revertidos para a população em forma de programas sociais, garantindo um bônus para a terceira idade, para os estudantes e, mais recentemente, para as mulheres em fase de gestação até os dois anos da criança (Bônus Madre), garantindo 15 visitas médicas e o recebimento de 180 bolivianos em cada uma das visitas. Outra iniciativa recente é o anúncio de moradias para os recém-casados.
Há um projeto nacional de desenvolvimento em curso…
Ramiro – Evidentemente, e é isso o que a direita está tentando sabotar, de todas as maneiras, tentando cooptar dirigentes, usando da corrupção. Na verdade, querem implantar o retrocesso. Entre os compromissos assumidos por Evo Morales está a reativação das operações da metalúrgica de Mutum, industrializando o ferro e agregando valor, assim como o início da exploração do lítio no Salar del Yuni. Não permitiremos que a direita volte para assaltar nossas riquezas, para retroceder nosso processo. Por isso, a COB estará junto com Evo nas eleições de 6 de dezembro próximo, porque queremos cada vez mais afirmar um projeto de país. Vamos jogar tudo, pois as multinacionais, os banqueiros, latifundiários e sua mídia querem um país convulsionado, dividido, para que um governo a seu serviço aliene o nosso rico patrimônio.
E como vês a conjuntura regional, a integração latino-americana?
Ramiro – Temos um compromisso com a libertação de nossos países e povos, daí também a nossa preocupação com os processos eleitorais que se avizinham na região. Somos defensores da unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais como forma de dar sustentação e impulsionar a transformação no Brasil, Uruguai, Argentina, Chile… Com esta compreensão, na Bolívia, estamos de mãos dadas com o presidente Evo. Nesta sexta-feira (7), vamos marchar com o presidente e as Forças Armadas pelas ruas de Oruro, demonstrando este compromisso.