No Rio, funcionários da Gecex exigiram explicações dos diretores do BB
Os sindicatos de bancários estão buscando alternativas junto com os trabalhadores para enfrentar o arbitrário Plano de Adequação de Quadros da Gerência de Comércio Exterior (PAQ Gecex), anunciado pelo Banco do Brasil na semana passada. No Rio de Janeiro e em São Paulo foram realizadas reuniões entre sindicato e funcionários para debater a questão e informar os trabalhadores.
No Rio de Janeiro, o banco anunciou a redução dos quadros da Gecex, com a eliminação de 17 cargos. A surpresa dos funcionários foi ainda maior por conta de uma reunião realizada dias antes pelo Diretor de Comércio Exterior do banco, que elogiou os resultados alcançados pela Gecex Rio.
O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro participou de reunião no último dia 8 com diretores do BB para debater as mudanças. Segundo Luciana Vieira, diretora do sindicato, banco afirmou que sua “idéia principal” é melhorar o atendimento aos clientes e que irá contratar 12 estagiários em substituição aos 17 funcionários que serão removidos da Gerex Rio. Os dirigentes do sindicato pontuaram que o banco vem trabalhando a reestruturação sem se preocupar com a vida pessoal e mesmo com a carreira de seus funcionários.
Antes da conversa com o banco, o sindicato realizou reunião com os funcionários do setor para discutir alternativas. “Durante nossa reunião com os funcionários ficou clara a mobilização deles, que durante toda a semana têm ido trabalhar de preto, em luto pela imposição do banco em tirar 17 colegas da dependência”, relata Luciana Vieira, diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Os funcionários solicitaram ao banco sua participação na reunião com os sindicalistas, o que foi negado. Com isso, os bancários aguardaram do lado de fora até a saída dos diretores do banco e exigiram esclarecimentos sobre a situação (foto).
200 erros
O Sindicato de São Paulo também esteve reunido com o banco para debater a reestruturação. Segundo Ana Paula Domeniconi, diretora do sindicato e membro da Comissão de Empresa do BB da Contraf/CUT, o esforço dos representantes do banco foi mostrar que não haverá grandes impactos em São Paulo em termos de funcionários excedentes, sendo que os casos pontuais serão tratados individualmente. “Nós colocamos que saber que nossa base será pouco afetada não resolve nada se no Brasil todo bancários estão sofrendo com essa medida”, afirma Ana Paula. O sindicato realizou ainda uma reunião com os funcionários do setor para levar informações e esclarecimentos.
“Está claro que é uma reestruturação geral do banco visando vendas de produtos e é esse processo global que nos interessa”, avalia a diretora. “A reestruturação já vem acontecendo há muito tempo, mas o banco está usando a tática de fatiar o processo: em lugar de fazer todas as mudanças de uma vez, está fazendo pequenas reestruturações em uma área de cada vez, apresentadas como mudanças normais”, denuncia Ana Paula.
Para Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa do Banco do Brasil, “esse é mais um para a coleção dos 200 erros da diretoria nos 200 anos do banco”. “No momento em que o país tem um crescimento do comércio exterior e que o BB deveria ter uma ação mais forte neste setor, a diretoria faz o contrário e insiste em sua política de implantação do ‘suporte zero'”, lamenta.
Marcel lembra que, no início da década de 90, os mesmos que hoje estão implantando o pacote de maldades criaram um programa de centralização de operações de suporte, com a criação de diversos CESECs pelo Brasil. “O suporte zero foi um fracasso, mas provocou muitas cicatrizes no funcionalismo, com transferências forçadas e desestruturação do atendimento nas agências”, conta. A diferença entre os dois momentos é que hoje o avanço da tecnologia leva a uma concentração em apenas cinco unidades em todo o país, chamadas de Centro de Suporte Operacional (CSO). “O restante do pacote é o mesmo do falido NMOA (Novo Modelo Organizacional de Agências), agora chamado de ‘Ações Estruturantes'”, denuncia.