Depois de quatro rodadas de negociação nas quais os bancos só enrolaram, levando a categoria a promover manifestações e paralisações de advertência em todo o país no dia 10 (veja mais aqui), o Comando Nacional dos Bancários espera que a Fenaban apresente na reunião desta quinta-feira, dia 17, às 15h, propostas concretas que contemplem todas as reivindicações da campanha nacional deste ano, entre elas reajuste de 10%, PLR de três salários mais R$ 3.850, valorização dos pisos salariais, respeito ao emprego e mais contratações, fim do assédio moral e das metas abusivas, mais segurança e implementação de políticas de combate a todo tipo de discriminação nos locais de trabalho.
Os bancos disseram que farão uma “proposta global”. Segundo Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, “já deixamos muito claro aos banqueiros que nesta campanha salarial queremos ir além das questões meramente econômicas. Além do aumento real, da melhoria da PLR e da valorização dos pisos, inclusive para comissionados e gerentes, a categoria quer garantias contra demissões, principalmente nas fusões, e mais contratações de trabalhadores, além da implementação de políticas que preservem a saúde, melhorem as condições de trabalho e acabem com as metas abusivas e com o assédio moral”.
Alta lucratividade permite atender reivindicações
Na avaliação de Cordeiro, o reaquecimento da economia, que está permitindo que muitas categorias de trabalhadores conquistem acordos com aumento real de salário, e a altíssima rentabilidade do sistema financeiro permitem que as reivindicações dos bancários sejam atendidas.
Pesquisa da empresa de consultoria Economática mostrou que os bancos foram o setor da economia que teve os maiores lucros no primeiro semestre de 2009. Somente as 21 maiores instituições financeiras faturaram R$ 14,3 bilhões em apenas seis meses, o que representa 25% de todo lucro acumulado pelas 303 empresas de capital aberto que operam na Bovespa.
“As projeções para o segundo semestre são ainda mais otimistas e não há, portanto, nenhuma razão para que os bancos não atendam as reivindicações dos trabalhadores, recompensando-os pelo seu desempenho”, afirma Carlos Cordeiro.
Em relação à preservação do emprego, o presidente da Contraf-CUT lembra que seis dos maiores bancos que operam no país (Banco do Brasil e Nossa Caixa, Itaú Unibanco e Santander Real), onde trabalha mais da metade da categoria, estão passando por processos de fusão. “Com essas incorporações, as empresas obtêm muitos ganhos de sinergia com a ampliação da sua escala de atuação”, acrescenta Carlos Cordeiro.
“Essas vantagens, que significam aumento do lucro, não podem ser apenas dos bancos, em detrimento dos trabalhadores e da sociedade. Exigimos responsabilidade social das empresas, como garantia da preservação dos empregos e contratação de mais funcionários para dar conta da crescente demanda interna e melhorar o atendimento à população.”
Veja as principais reivindicações dos bancários:
– Reajuste salarial de 10% (reposição da inflação mais aumento real).
– Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais R$ 3.850.
– Valorização dos pisos:
Portaria: R$ 1.432.
Escriturário: R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese).
Caixa: R$ 2.763,45.
Primeiro comissionado: R$ 3.477,00.
Primeiro gerente: R$4. 605,73.
– Auxílio-refeição: R$ 19,25.
– Cesta-alimentação: R$ 465,00 (um salário mínimo).
– 13ª cesta-alimentação: R$ 465,00.
– Auxílio-creche/babá: R$ 465,00.
– Fim das metas abusivas e do assédio moral.
– Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) em todos os bancos, negociado com as entidades sindicais.
– Contratação da remuneração total, inclusive a parte variável, com a incorporação dos valores aos salários e reflexo em todos os direitos (13º, férias e aposentadoria) – com o objetivo de acabar com as metas abusivas.
– Garantia de emprego, fim das terceirizações, mais contratações e aplicação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe demissões imotivadas.
– Segurança contra assaltos e sequestros, com a retomada imediata da Comissão de Segurança Bancária, proibição ao transporte de valores pelos bancários e adicional de risco de vida.
– Auxílio-educação para todos.
– Ampliação da licença-maternidade para seis meses.