Manifestantes se reuniram na manhã de sábado (28) no Posto 6 da Praia de Copacabana e partiram em passeata pela Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, contra os gastos da Copa do Mundo, pela desmilitarização da Polícia Militar e em apoio a trabalhadores em greve. Uma das principais pautas do protesto, no entanto, é a reivindicação de direitos para a população homossexual e transexual e o repúdio à homofobia, pois neste sábado é lembrado o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Um efetivo de 200 policiais acompanhou o protesto.
Na manifestação, muitos cartazes criticavam exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e gastos do governo. O protesto também traz mensagens de apoio a grevistas demitidos do Metrô de São Paulo e a famílias removidas para obras públicas. Os manifestantes carregavam bandeiras com o arco-íris LGBT, de movimentos estudantis e de partidos.
A espanhola Isabel Ferreira, de 44 anos, mora no Brasil há uma década e organizava na passeata uma banca improvisada de camisas do movimento “pink block”, uma sátira criada para reivindicar direitos dos homossexuais. Camisas em tons de rosa com dizeres como “Com Teto, sem Fifa” eram vendidas por R$ 15, ou por quanto o interessado pudesse pagar.
“É importante aproveitar esse momento para lembrar também do Dia do Orgulho LGBT”, destacou. Com roupas metalizadas e um desenho de coração com um raio, companheiros de Isabel a fantasiavam de “Choque de Amor”, em referência à Tropa de Choque da PM.
O pesquisador em direito Rafael Vieira, de 28 anos, também participava da manifestação e defendeu que as pautas defendidas convergem. “São bandeiras que conversam e lutam contra uma sociedade extremamente desigual. Só varia o tipo de desigualdade.”
Muitos turistas paravam para tirar fotos do protesto. A passeata não teve reflexos no trânsito, porque a Avenida Atlântica sempre tem pista bloqueada em feriados – o deste sábado foi decretado devido ao jogo no Maracanã pela Copa do Mundo.
Abordando turistas e brasileiros, o estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro Esteban Crescente, de 27 anos, distribuía o jornal que escreve, o A Verdade, que ele classifica de “imprensa alternativa e independente”. “A recepção das pessoas é boa. Elas torcem, mas sabem que tem coisa erradas com a Copa. Falei com dois uruguaios agora e eles concordaram que as isenções fiscais à Fifa são um absurdo”.