Os bancários paralisaram uma das principais concentrações do Itaú Unibanco: o edifício Patriarca, no centro de São Paulo. O ato, nesta quarta-feira 16, foi em resposta às 62 demissões feitas pela empresa na segunda-feira 11 e que atingiu trabalhadores da Unidade de Suporte Jurídico, inclusive pessoas com deficiência.
De acordo com relatos de funcionários, o processo foi cruel. Grupos de pessoas eram informados em reuniões que estavam sendo dispensados por conta de uma reestruturação. Muitos foram às lágrimas. Outros chegaram a passar mal.
“Eles nem sequer tiveram chance de procurar outra vaga por meio do centro de realocação. Um verdadeiro absurdo cometido contra os funcionários e que se contrapõe ao discurso de boa empresa que o Itaú tenta vender aqui e em outros países em que atua ou pretende atuar”, afirma o diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis.
Durante a paralisação, a direção do Itaú marcou reunião com o Sindicato e a Contraf-CUT para a própria quarta-feira, na qual afirmou que se limitaria a estudar casos onde funcionários não poderiam ser demitidos, como lesionados ou que estavam iniciando férias.
“Não aceitamos essa postura e deixamos claro ao banco que vamos ampliar a mobilização não apenas por meio de protestos, mas denunciando aos organismos internacionais – inclusive aqueles onde o banco busca certificações – as práticas antissindicais e as demissões injustificadas apenas para economizar com salários”, destaca o dirigente.
Para o diretor da Contraf-CUT e um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú Unibanco, Jair Alves, “é inadmissível que os cortes ocorram num momento de cenário extremamente positivo para a empresa. Somente nos primeiros nove meses deste ano, o banco obteve lucro recorde de toda a história do sistema financeiro nacional. Foram R$ 10,9 bilhões, alta de 15,97% na comparação com o mesmo período de 2010”, afirma.
Injustificável
Outro ponto levantado pelos representantes dos trabalhadores é o atual cenário em que vive o Itaú, entre eles pelo segundo ano consecutivo o de maior lucro líquido do sistema financeiro nacional nos primeiros nove meses e a premiação pelo Financial Times Sustainable Awards em reconhecimento às melhores políticas e práticas de sustentabilidade do setor financeiro.
“Nesse cenário seria impensável demitir qualquer trabalhador. E o pior de tudo é que o banco está contratando funcionários. Por que não reaproveitar os bancários? A única explicação que temos é que a empresa está sem comando. As gestões não se entendem e quem sofre é o funcionário. Isso tem de mudar e faremos tudo para que isso aconteça”, acrescenta Daniel.