O Procon de Belo Horizonte está orientando consumidores que encontram dificuldades para transferir dívidas com bancos para outras instituições a reclamar no órgão, que tomará providências.
Segundo a coordenadora do Procon municipal, Maria Laura Santos, os problemas enfrentados pelos consumidores vão desde a obtenção de informações sobre procedimentos à impossibilidade de fazer a transferência porque a papelada necessária não é entregue ao cliente.
Por causa dessas dificuldades, a Promotoria de Defesa do Consumidor e o Procon Estadual aplicaram medida cautelar e suspenderam nesta semana, por cinco dias, as operações de empréstimo e financiamento de dez bancos que atuam em Minas Gerais.
São eles: Santander, BMG, Rural, BV Financeira, Bonsucesso, Cacique, Cruzeiro do Sul, GE Capital, Intermedium e Mercantil do Brasil.
A Constituição mineira, de 1989, incorporou o Procon estadual ao Ministério Público do Estado. Dessa forma, o Procon estadual sob o Ministério Público tem poder de polícia administrativa.
O órgão foi acionado pelos Procons de BH e o da Assembleia Legislativa com reclamações de clientes sobre o não cumprimento de resolução de 2006 do Banco Central que instituiu a portabilidade de dívidas bancárias.
Com a redução dos juros básicos (Selic) e das taxas de empréstimo pelos bancos públicos, muitos consumidores passaram a transferir a dívida para outros bancos. Mas é nesse momento que encontram as maiores dificuldades.
Segundo o promotor Renato de Almeida, muitos bancos dificultam ao máximo o fornecimento do boleto com o valor da dívida a ser saldada integralmente.
Esse boleto será pago pelo novo banco contratado pelo consumidor, sob condições de juros mais acessíveis. É sobre esse valor que será feito o novo empréstimo, com taxas e juros mais baixos.
Almeida disse que os bancos estão exigindo, com autenticação em cartórios, vários documentos que o próprio banco já possui desde que concedeu o empréstimo e cadastrou o cliente. Tudo isso para liberar o boleto e a papelada para o banco que assumirá a dívida.
A coordenadora do Procon municipal disse ainda que há casos de clientes que reclamam que tentam liquidar antecipadamente os débitos, mas que as tarifas impostas pelos bancos inviabilizam essa antecipação.
A Promotoria e o Procon estadual abriram um procedimento administrativo em que os casos estão sendo analisados e os bancos terão que comprovar que estão fazendo a portabilidade. Todas as novas queixas contra bancos poderão engrossar esse processo, disse Almeida.
BANCO CENTRAL
Notificado nesta quinta-feira (23) por meio de ofício do Ministério Público, o Banco Central informou que vai analisar a medida que suspendeu as operações de empréstimo e financiamento de dez bancos em Minas para adotar as suas providências.
“As áreas competentes do Banco Central analisarão os termos da decisão do Procon-MG, notadamente para verificar eventual providência cabível nos âmbitos regulatório e fiscalizatório”, informou o BC, por meio da sua assessoria.
O ofício do Procon-MG, que em Minas é vinculado ao Ministério Público, pede que o BC fiscalize se os bancos estão cumprindo as resoluções do banco que tratam da portabilidade, sendo a primeira de 2006.