Os grandes bancos portugueses estão ampliando a sua presença nos países lusófonos, para onde voltaram após interrupções variáveis, como a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao Brasil, ou procurando chegar onde não estão, como o Banco Espírito Santo (BES) a Moçambique, numa lógica que evoluiu, segundo vários gestores bancários.
A CGD é a mais abrangente e chega a Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Macau (Banco Nacional Ultramarino) e, mais recentemente, a Angola e Brasil, seja com presença direta ou participação no capital e na gestão.
Mas em Angola estão também o BPI, que detém 50,1% de um dos maiores bancos do país, o Banco Fomento Angola, o BES e o BCP, que está desenvolvendo uma rede bancária universal.
Em Moçambique, é do BCP o maior banco do país, o Millennium Bim, o BPI é parceiro no mesmo banco que a Caixa – o BCI Fomento – e o BES anunciou recentemente que vai formalizar o pedido de autorização para entrar no mercado.
Depois de garantirem o funcionamento de alguns sistemas financeiros nas fases difíceis de pós-guerra, e da estratégia, ainda importante, de acompanharem clientes, hoje a lógica é preceder o negócio e, nesse sentido, “a presença simultânea em vários mercados têm se revelado eficaz e potenciadora de negócios”, explicou à Agência Lusa o administrador da CGD com atribuições do negócio internacional, Rodolfo Lavrador.
Por isso, o Banco Caixa Geral – Brasil está desde início deste ano em “pleno funcionamento” e é o retorno ao Brasil, após um hiato de 4 anos sem presença direta, para explorar oportunidades nas empresas brasileiras que querem exportar para a Europa, África, ou Ásia, além de apoiar exportadores e investidores portugueses.
Em Angola, o banco estatal entrou em 2008 no capital e na gestão do Banco Totta e em Moçambique tem a maioria do BCI, uma parceria com o BPI e o Grupo moçambicano Insitec, com atividade universal e mais de 50 agências.
Em Cabo Verde, a Caixa está com dois bancos – o Comercial do Atlântico, principal banco do arquipélago, com mais de 50% do mercado e presença em todas as ilhas, e o Banco Interatlântico, terceiro no ranking.
A importância de estar em todas estas geografias deve-se, segundo Rodolfo Lavrador, ao fato de os negócios e investimentos hoje não serem de Angola para Portugal, do Brasil para Angola, da China para Moçambique ou de Portugal para o Brasil mas sim multilaterais.
O presidente do BES Angola, Alvaro Sobrinho, partilha a mesma opinião e fala em “parcerias triangulares”.
“A banca tem de ter presença e produtos e serviços alargados nesses países (?) que permitam às empresas e investidores todo o tipo de transações”, sustentou o gestor em declarações à Lusa.
Para o BES, “a expansão internacional complementa o crescimento doméstico” e a presença nos destinos do capital português em países lusófonos faz-se através do BES Angola, banco de direito angolano constituído em 2001, com mais de duas dezenas de agências dispersas por seis províncias, o BES Investimento Brasil, uma parceria com o Bradesco, onde o BES tem 79,96%, mas também em Macau com o BES Oriente e uma representação em Cabo Verde.
No sistema bancário de São Tomé e Príncipe, a única presença portuguesa é da Caixa, parceira no Banco Internacional, que surgiu em 1993 como primeiro banco comercial privado do país, e no Timor há também uma única sucursal de bancos portugueses, mais uma vez da CGD, com presença na capital, Díli, e em outras sete localidades.
Só a Guiné-Bissau, com uma incipiente bancarização, integrada na majoritariamente francófona União Econômica e Monetária da África Ocidental, está neste momento fora da rede lusófona dos bancos portugueses.