Não contente com o lucro de R$ 13,3 bilhões em 2010, o maior da história do sistema financeiro nacional, o Itaú Unibanco resolveu turbinar ainda mais o resultado de 2011 economizando na limpeza das agências.
Há cerca de três meses, o banco começou a aplicar um novo projeto que prevê em alguns casos que a mesma faxineira seja responsável por duas agências, ficando metade do dia em cada unidade. Há situações em que duas agências ficam a grandes distancias umas das outras.
“Eu cheguei numa agência num dia que chovia muito e vi o gerente de mangas arregaçadas passando o rodo no saguão. Quer dizer: tem de vender, bater metas de 150%, atender bem e ainda limpar o chão?” questiona a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Márcia Basqueira, que foi à direção do banco cobrar explicações.
“Os responsáveis pelo RH do Itaú Unibanco disseram que esse esquema de uma faxineira para cada duas agências já funciona no Bradesco e Citibank há muitos anos sem reclamações. Mas fomos checar com nossos colegas dirigentes sindicais desses bancos e constatamos que isso não corresponde à verdade”, disse.
“Não chove todo dia”
Quando questionados sobre o procedimento a ser adotado para situações que exigirem a presença imediata da pessoa da limpeza, os representantes do Itaú Unibanco disseram que o espaço que estiver sujo ou molhado deve ser interditado temporariamente e a faxineira deve ser contactada para comparecer à agência o mais rápido possível.
“As agências não contam com essas placas e faixas para interdição. Além disso, perguntamos o que vai acontecer em dias de chuva, quando precisa ter uma pessoa o tempo todo secando o chão, principalmente o espaço próximo à entrada. Parece brincadeira, mas eles disseram que ‘não chove todo dia’. Grave também é a situação da faxineira, que vai ter de ficar andando debaixo de chuva de lá para cá, muitas vezes quilômetros”, ressaltou.