Logo no início da manhã de quinta-feira, dia 29, o movimento já era intenso na sede do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Muitos bancários e dirigentes sindicais, inclusive do interior do Estado, preferiram se concentrar na entidade e marchar em bloco para o local do início da passeata: o prédio do Banco do Brasil na Rio Branco.
Lá, se juntaram a outros bancários que se depararam com uma cena inusitada. Por coincidência ou não, justamente naquele dia, funcionários terceirizados tinham sido chamados para lavar a escadaria e a área de entrada do prédio, onde tradicionalmente se reúnem os manifestantes. Mas os bancários não se fizeram de rogados: mesmo com os degraus molhados, ocuparam a escada e o hall.
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Um grupo de teatro se apresentou e arrancou aplausos dos trabalhadores e de alguns cidadãos que estavam por perto. Bancários, dirigentes sindicais e representantes dos movimentos sociais se revezaram no microfone.
Estavam presentes a CUT (Central Única dos Trabalhadores) estadual e nacional, movimento estudantil, trabalhadores dos Correios e de telemarketing, além de várias entidades representativas dos bancários.
Era hora de iniciar a marcha: os grevistas receberam apitos, óculos, bandeiras, cartazes e outros adereços. E seguiram pela Avenida Rio Branco, ocupando toda a faixa da direita, com apoio da CTTU e da Polícia Militar.
Gente de bancos privados, de bancos públicos, com muitos anos de luta ou recém iniciados na carreira… todos eles mostravam confiança no movimento. “Vamos seguir firmes na greve. Não apenas na passeata, mas garantindo o fechamento das agências amanhã”, conclamou Fernando Soares, funcionário do HSBC.
Rodrigo Bento, com apenas oito meses de trabalho no Banco do Brasil, contou que, em sua agência, no Bairro Novo, existem sete trabalhadores que entraram este ano no banco. Todos eles aderiram à greve. “Fechamos, inclusive, outras agências. E, ontem, conseguimos parar todo o corredor de Olinda até o Janga. Vamos repetir a dose amanhã (sexta) e nos outros dias”, garantiu o bancário.
A passeata saiu do Recife Antigo, cruzou a ponte, passou pela 1º de Março, Avenida Guararapes, Rua do Sol até chegar ao Bradesco da Concórdia. Com apitos e disposição, o grupo entrou na agência. Dez policiais faziam a guarda da unidade, mas não interferiram no movimento.
A presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, e um grupo de diretores se reuniram com a gerência e chegaram a um acordo: as pessoas que já estavam no local seriam atendidas e o banco fecharia depois disso.
Enquanto os clientes eram atendidos, os trabalhadores renovaram o fôlego com um lanche: o “X-Greve” com refrigerante. Por volta das 13 horas, o grupo realizou assembleia na própria agência e ratificou a continuidade da greve por tempo indeterminado. E seguiram em direção à Boa Vista, onde realizaram atos e garantiram o fechamento de todas as agências que ainda estavam abertas.
“A manifestação foi muito boa. Vamos agora redobrar esforços para a greve de amanhã (sexta)”, afirmou o bancário Jefferson Lemos, do Banco do Brasil.
Entre as principais reivindicações dos bancários estão o reajuste salarial de 12,8% (aumento real de 5%), PLR de três salários mais R$ 4.500, piso do Dieese (R$ 2.297,51), plano de cargos e salários para todos, mais contratações, fim da rotatividade, reversão das terceirizações e banco para todos, sem exclusão e sem precarização.
Até agora, foram realizadas cinco rodada de negociação com os bancos, que ofereceram apenas aumento real de 0,56%. Todas as reivindicações de saúde, segurança, emprego e cláusulas sociais foram negadas. Depois de quatro dias de greve, os banqueiros continuam em silêncio.