Os bancos Santander e Real estão avançando em seu processo de integração sem o necessário debate com os trabalhadores, contrariando o discurso do presidente do grupo, Fábio Barbosa. Uma prova disso é a política de vale-transporte do Real, que está sendo alterada sem negociação prévia aos representantes dos trabalhadores. A nova política utiliza os mesmos moldes da utilizada pelo Santander.
“Essa atitude descumpre o que nos foi dito pelo Fábio Barbosa, que qualquer mudança seria debatida com o movimento sindical”, acusa Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados do Real da Contraf/CUT.
O novo formato de concessão dos vales considera não o trajeto que possibilite ao bancário chegar no menor tempo possível em seu local de trabalho, mas o que utilizar menos conduções, visando diminuir os custos do banco às custas da qualidade de vida do trabalhador. “Um trabalhador numa cidade com o problema de trânsito que tem São Paulo, por exemplo, pode economizar meia hora, às vezes mais, se pegar um ônibus e um metrô em lugar de dois ônibus para realizar o mesmo trajeto”, afirma Gutemberg Oliveira, diretor da Fetec-CUT/SP e funcionário do Real.”O modelo desrespeita a vida prática do trabalhador, impondo trajetos mais longos ou demorados, ou mesmo trajetos que não são factíveis”, concorda Marcelo.
Para Gutemberg, além de desrespeitar os processos de negociação e prejudicar diretamente o bancário, a medida “não é a forma mais inteligente de fazer gestão de RH”. “O trabalhador ficará mais desgastado por perder mais tempo com transporte, perderá produtividade, o que vai acabar prejudicando o próprio banco, acabando com a suposta economia. Ninguém ganha”, afirma.