Mesmo com pequena expansão nas operações de crédito, os seis maiores bancos que operam no país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Federal, Santander e HSBC) apresentaram lucro líquido conjunto superior a R$ 28,4 bilhões no primeiro semestre de 2014, um crescimento de 14,3% comparado ao mesmo período do ano passado, graças sobretudo ao aumento dos spreads, da taxa Selic e das tarifas. Os dois grandes bancos privados nacionais tiveram lucros recordes e rentabilidade acima de 20%. E exceto a Caixa, as outras cinco instituições fecharam postos de trabalho, na contramão da economia brasileira.
Esses são os principais destaques da sexta edição do estudo Desempenho dos Bancos, produzido pelo Dieese-Rede Bancários.
> Veja aqui o estudo completo do Dieese.
O maior lucro líquido foi do Itaú (R$ 9,5 bilhões), um salto de 33,2% em relação ao primeiro semestre de 2013, seguido pelo Bradesco (R$ 7,3 bilhões), crescimento de 22,9%. O BB lucrou R$ 5,4 bilhões (incremento de 2,2%) e a Caixa R$ 3,4 bilhões (alta de 7,9%). Já os dois bancos estrangeiros tiveram queda nos resultados: o Santander teve lucro líquido de R$ 2,86 bilhões (redução de 2,2%) e o HSBC apresentou resultado negativo de R$ 16,3 milhões.
O total dos ativos dos seis maiores bancos atingiu R$ 5,1 trilhões em junho último, crescimento de 10,2% em 12 meses, o que representa mais de 80% de todo o sistema financeiro nacional. A Caixa merece destaque, com crescimento de 18,2% dos ativos. Já o patrimônio líquido (capital próprio) das seis instituições cresceu 12,4%, alcançando a marca de R$ 331,3 bilhões.
O Bradesco teve uma rentabilidade líquida (retorno sobre patrimônio líquido) de 20,7% e o Itaú de 23,1% no primeiro semestre – o dobro da média do sistema financeiro norte-americano, que em 2012 foi de 9,93%, segundo estudo da Economática. A rentabilidade da Caixa foi de 22,1%, a do BB de 15,3% e do Santander 11,3%.
Operações de crédito e impactos da Selic
As carteiras de crédito das seis instituições cresceram 13,3% no período, totalizando R$ 2,56 trilhões, puxadas sobretudo pela Caixa Federal, que apresentou expansão de 28%.
Depois das operações de crédito, a segunda maior fonte de receita do sistema financeiro vem dos títulos e valores mobiliários – a que mais cresceu percentualmente no primeiro semestre. Os bancos são detentores de 30% dos títulos públicos federais. Com o aumento da taxa Selic a partir de abril de 2013, as receitas com os juros da dívida pública dos seis maiores bancos crescem em média 35,7% nos primeiros seis meses do ano.
Os sucessivos aumentos da taxa Selic também elevaram os spreads bancários, que eram de 10,9 pontos percentuais em junho de 2013 e saltou para 12,7 pontos percentuais em junho deste ano.
Outra fonte de receita dos bancos foi com os depósitos compulsórios, que são parcialmente remunerados pela Selic. Essas aplicações cresceram em média 56,2% entre junho de 2013 e junho de 2014.
Prestação de serviços X despesas de pessoal
Segundo o estudo do Dieese, a estratégia dos bancos privados nos últimos anos buscou aumentar os ganhos operacionais mediante elevação das receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias e redução de despesas, principalmente de pessoal.
As receitas dos seis grandes bancos com tarifas e prestação de serviços aumentaram 9,7% nos 12 meses anteriores a junho de 2014. Com isso, acentua-se a tendência de essas receitas cobrirem cada vez com maior folga os gastos com a folha de pagamento. No BB, essa relação é de 117,08%, no Bradesco de 154,84% e no Itaú de 167,44%.
Bancos privados e BB cortam empregos
O número de trabalhadores nos seis maiores bancos continua em queda desde meados de 2012. O total de bancários entre junho de 2013 e junho de 2014 caiu de 473.392 para 468.440, o que representa o fechamento de 4.952 postos de trabalho. Essa tendência vai na contramão da economia brasileira, que somente nos primeiros seis meses deste ano criou 588.671 novos empregos com carteira assinada.
O resultado só não foi pior porque a Caixa Federal abriu 4.143 novas vagas. Itaú, Bradesco, Santander, BB e HSBC cortaram 9.095 postos de trabalho no período.