O Santander enviou carta para a UNI Sindicato Global, recusando-se a receber a missão internacional organizada pela entidade que se encontra nesta semana em Boston, nos Estados Unidos. O documento foi remetido na terça-feira, dia 13, de Madri, pelo diretor de Relações Laborais, Juan Gorostidi Pulgar.
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A reunião, solicitada pelo chefe mundial da UNI Finanças, Oliver Röethig, através de ofícios enviados nos 23 de junho e 2 de julho, buscava dialogar com o presidente do Sovereign Bank, Gabriel Jaramillo, que antes comandava o grupo no Brasil até a compra do Banco Real. O objetivo era reverter as demissões de bancários que estavam tentando organizar um sindicato no banco espanhol adquirido na cidade norte-americana.
A recusa do Santander foi duramente criticada pela missão da UNI, iniciada em Boston na terça-feira, coordenada por Oliver, acolhida pela SEIU dos Estados Unidos e integrada pelas delegações do Brasil, Reino Unido, Uruguai e Chile. Pelo Brasil, participam a Contraf-CUT, através do presidente Carlos Cordeiro, secretário-geral Marcel Barros e secretário de imprensa Ademir Wiederkehr, e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, através das diretoras Rita Berlofa e Maria Rosani.
Desrespeito nos Estados Unidos
Na carta-resposta, o executivo do Santander afirma que os trabalhadores do banco estão sendo tratados “com absoluto respeito”, mas não é o que acontece. Passado um ano e meio da compra do Sovereign Bank, foram demitidos cerca de 2.700 empregados.
O dirigente espanhol também diz que “estou certo de que o Sovereign Bank respeita os direitos dos respectivos trabalhadores para formar um sindicato, se assim o desejarem”. Tal afirmação não procede. Como nos EUA os bancários não possuem um sindicato que os represente, o banco espanhol desenvolve uma campanha antissindical, intimidando, amedrontando e fazendo demissões de alguns funcionários que estavam organizando a criação de um sindicato.
Desta forma, sem negociação coletiva, os bancários norte-americanos não possuem direitos fundamentais, como jornada regular de trabalho, pagamento das devidas horas extras e férias regulamentares. Também sofrem com a pressão das metas para a venda de produtos, a exemplo do que ocorre nos demais países onde o Santander abriu agências. Muitos bancários não têm local fixo para trabalhar e precisam solicitar autorização das chefias para ir ao médico.
“Queremos que o Santander abra negociações com a UNI e assine um acordo marco global que garanta direitos básicos para os seus trabalhadores em todo mundo, bem como respeite a liberdade de organização dos bancários que buscam formar um sindicato nos Estados Unidos”, destaca Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e da UNI Finanças Américas.
Acordo Marco Global
Ainda na correspondência para a UNI, o executivo do Santander ressalta que “nós não prevemos a necessidade ou a oportunidade de assinar um Acordo Global com a UNI Sindicato Global”. Ele não deve ter conversado com o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, que concedeu no dia 29 de junho uma audiência para o Sindicato de São Paulo, com a participação da Contraf-CUT, Fetec-CUT/SP, Feeb SP-MS e Afubesp. “Na ocasião, Botín dialogou com os representantes dos trabalhadores brasileiros, não fechou as portas para discutir o acordo global e marcou uma nova reunião dentro de dois meses para tratar dos problemas que apresentamos”, esclarece Rita Berlofa.
A missão da UNI termina nesta quinta-feira, em Boston. “O Santander perdeu uma grande oportunidade para receber a missão internacional da UNI, abrir um canal de diálogo nos Estados Unidos com o movimento sindical, respeitar os cidadãos de outros países e mudar a sua postura que afronta a liberdade tanto pregada pelo governo norte-americano”, conclui Ademir Wiederkehr.