Vaccari defende luta convergente em Seminário Nacional de dirigentes sindicais

A realização de uma luta convergente dos trabalhadores do Santander e do Real, com poder de negociação e mobilização, foi defendida nesta quinta-feira, dia 4, pelo ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e ex-diretor da CUT, João Vaccari Neto, que fez uma palestra na abertura do Seminário Nacional dos Dirigentes Sindicais do Grupo Santander Brasil, em Atibaia, interior de São Paulo.

Vaccari recordou o período de privatizações, destacando, porém, que a conjuntura não é mais a mesma. “Hoje mudou o enfoque do processo de globalização, pois o neoliberalismo foi varrido na América Latina”, frisou. “O Brasil não deve atuar de forma subordinada na globalização”.

“As decisões globais das grandes empresas não estão na alçada do Estado, mas a entrada dos bancos espanhóis na América Latina veio acompanhada dos interesses do Estado”, registrou. “Para entrar no debate, nós precisamos entender o que está acontecendo. O banco já traçou uma estratégia, que é consolidar a marca Santander e a sua política”.

O sindicalista enfatizou que a recente compra pelo Santander de um prédio em São Paulo faz parte do processo de consolidação da marca. “Eles acham que precisam de uma sede forte, a exemplo da Cidade de Deus do Bradesco, para ter uma referência e mostrar força”, apontou Vaccari.

“Eles querem a unificação dos direitos dos trabalhadores, mas por baixo. Nós devemos entrar no debate, como na questão dos fundos de pensão, para defender o que é melhor para o conjunto dos funcionários”, salientou. “Eles querem implantar a cultura do Santander e o presidente do Grupo Santander Brasil e da Fenaban, Fábio Barbosa, é extremamente autoritário”, alertou.

Para Vaccari, “nós precisamos compreender o papel dos sindicatos e construir o nosso projeto dialogando com os sindicalistas espanhóis. Eles têm uma visão européia e não querem se envolver nos problemas causados pelas empresas espanholas em outros continentes”, criticou.

“Nós precisamos respeitar a história de luta dos trabalhadores de cada banco e fazer com que venhamos a convergir para a mobilização. A reunião com Fábio Barbosa foi importante. Nós não temos governabilidade sobre as grandes empresas. A lógica da fusão é aumentar os ganhos e reduzir os custos. Nós temos que denunciar o fechamento de agências. Eles vão trabalhar com a marca e a imagem. O que precisamos é ter poder de negociação e mobilização. O nosso papel é propor saídas, atuar juntos, fazendo uma força convergente”, concluiu Vaccari.

Abertura do seminário

“Este encontro é uma vitória dos trabalhadores do Santander e do Real”, ressaltou o coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Real, Marcelo Gonçalves, na saudação de abertura do seminário. “O nosso desafio é traçar um plano de lutas”, lembrando que “o banco é um só, reunindo empregados dos bancos Meridional, Banespa, Noroeste, Geral do Comércio, Sudameris, Bandepe, Paraiban e agora o Real”.

Para a representante da COE do Santander, Rita Berlofa, “esse seminário é importante para definirmos como vamos enfrentar o processo de fusão”. Ela desejou um encontro proveitoso para reforçar a luta em defesa dos empregos e dos direitos dos trabalhadores.

Participação

Mais de 90 dirigentes sindicais dos dois bancos se inscreveram para participar do seminário. Estão presentes três diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários). A funcionária do Real, Natalina Gue, e os empregados do Santander, Ademir Wiederkehr e Paulo Stekel. Também participam dirigentes de sindicatos do interior gaúcho.

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