Alta das tarifas bancárias irrita Dilma; Mantega pressiona Banco do Brasil

Agência Estado
Renata Veríssimo e Adriana Fernandes

BRASÍLIA – A informação apontada pelo jornal Estado de S. Paulo de que os bancos elevaram suas tarifas máximas cobradas sobre produtos e serviços incomodaram a presidente Dilma Rousseff e desencadearam uma nova ofensiva no governo para reverter este movimento. Após forçar a queda dos juros dos financiamentos e as taxas de administração dos fundos de investimento usando os bancos públicos, a mesma estratégia será usada para levar os concorrentes privados a reverem suas tarifas.

A ação é para evitar que os bancos compensem a perda de receitas gerada com a queda dos juros dos empréstimos aumentando as tarifas. O Banco do Brasil foi o primeiro a receber ordens do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para baixar o preço de sete tarifas que foram reajustadas no início do ano e que estão acima das praticadas pelas instituições financeiras privadas.

Segundo apurou a Agência Estado, a avaliação do ministro é que o aumento das tarifas representa pouco para o resultado do BB, mas foi um sinal muito negativo para o mercado. Por isso, a instituição terá de revê-las.

O BB foi o segundo banco de varejo que mais fez reajustes desde janeiro, atrás apenas do Bradesco. De 42 tarifas, oito delas aumentaram e uma diminuiu. O argumento apresentado pelo Banco do Brasil ao ministro da Fazenda é de que foi uma reposição tarifária, porque a instituição manteve as tarifas bancárias inalteradas entre 2008 e 2011.

O governo vem acompanhado o valor das tarifas desde abril, quando os bancos deram sinais de que poderiam usar os preços dos serviços para compensar as perdas geradas pela redução das taxas de juros. As notícias desta semana acenderam uma luz amarela e fizeram com que o governo voltasse a agir.

Mantega entende que os bancos públicos são importantes para mostrar o caminho para a redução das tarifas. O ministério da Fazenda quer estimular a competição também neste segmento. O governo entende que as instituições financeiras têm gordura para queimar e podem reduzir os juros e os spreads bancários sem compensar na outra ponta, com aumento de tarifas.

Cartão de crédito

Os técnicos também buscam formas de reduzir a taxa que as administradoras de cartão de crédito cobram dos lojistas. O Estado informou em sua edição desta sexta-feira que Dilma havia orientado a equipe econômica a analisar o assunto. Ainda não há uma estratégia definida.

O ponto de partida, especulam, pode ser a administradora Elo, uma associação entre Banco do Brasil, Bradesco e Caixa. A exemplo do que foi feito com juros, ela poderia cortar as taxas e forçar a concorrência a seguir o movimento. No momento, porém, não há nenhuma decisão nesse sentido.

Também estão em discussão os juros cobrados pelos cartões de crédito. A equipe econômica discute com os bancos a estrutura de custos das administradoras e admite que a solução não é simples. O governo não quer o fim dos parcelamentos sem juros para não correr o risco de desaquecer o consumo e atrapalhar a retomada mais forte do crescimento da economia.

Por enquanto, o governo pretende agir fomentando o debate para estimular que os próprios bancos encontrem uma saída que resulte na redução dos juros cobrados ao consumidor no crédito rotativo. No entanto, não está descartada a possibilidade de o governo vir a alterar as regras do cartão de crédito, limitando, por exemplo, o número máximo de parcelas sem cobrança de juros.

Outra medida seria a de aumentar o limite mínimo que o consumidor é obrigado a pagar do total da sua fatura. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já manifestou o desejo de ver o pagamento mínimo ampliado, mas admitiu ser uma medida difícil de ser implementada sem prejudicar as pessoas que estão no crédito rotativo. Alguns bancos argumentam que os parcelamentos sem juros acabam elevando o custo do crédito para quem está no rotativo porque são um risco sem qualquer tipo de cobertura. (Colaborou João Villaverde).

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