Encontro nacional inicia valorizando papel das trabalhadoras
Na semana em que a CUT promoverá um ato pela cassação do mandato do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) por incitação ao crime de estupro, o presidente da Central, Vagner Freitas, e ministras destacaram o papel de protagonismo das mulheres durante a abertura da 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, nesta segunda-feira (16), em Brasília.
Vagner iniciou o seu pronunciamento com o pedido de uma salva de palmas à deputada Maria do Rosário (PT-RS), a quem Bolsonaro disse que não estupraria porque não merecia. A sugestão foi prontamente atendida e ressoou nos discursos seguintes.
O dirigente sindical destacou ainda que a precarização, o ritmo frenético e a terceirização são pilares do adoecimento dos trabalhadores. E ressaltou que a CUT defende a redução da jornada semanal para 40 horas sem redução de salário para todos os trabalhadores, além de estar ao lado dos servidores da saúde na campanha pelas 30 horas semanais.
Somos todos Maria do Rosário
Representante da Frente Parlamentar de Segurança e Saúde no Trabalho, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) voltou ao tema da violência contra as mulheres ao apontar que a atitude do parlamentar com vasta ficha de ataques aos defensores dos direitos humanos representava um ataque a todas.
“Somos todas solidárias a Maria do Rosário para negação do instrumento da apologia do estupro como uma forma de prêmio”, destacou.
Ao referendar as palavras de Erika, a ministra da secretaria de políticas para as mulheres, Eleonora Menicucci, destacou que o ambiente de trabalho está doente pelas condições de trabalho que afetam a saúde mental, em especial, três pontos: o assédio moral e sexual que as trabalhadores sofrem em diferentes categorias no país.
“É uma vergonha adoecer por causa do trabalho, porque esse é o centro que estrutura a vida de mulheres e homens. E é evidente que nós, com nossas tripla jornada de trabalho, sofremos um processo de adoecimento muito mais visível. Quero que um dia não precisemos fazer mais de saúde do trabalhador e da trabalhadora falando em doença, mas sim em saúde. As mulheres tem a responsabilidade de colocar esses temas em debate, porque se formos esperar dos homens, é melhor nem sairmos de casa”, alertou a ministra.
15ª Conferência de Saúde vem aí
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, fez um balanço da 4ª Conferência em comparação às anteriores, a última delas, realizada há nove anos. Enquanto a serviu para estabelecer diretrizes, a segunda para avançar nessas diretrizes e a terceira para aprofundar temas específicos como a questão dos agrotóxicos, a quarta apresenta três desafios centrais.
“Não podemos perder de perspectiva o que já discutimos, que é pensar a saúde a partir da proposta de desenvolvimento social, econômico e ambientalmente sustentável. Precisamos também qualificar a capacidade dos Centros de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerests) e cuidar de problemas que não são atendidos nesses espaços e deverão ser tratados em redes interconectadas”, disse.
Ao ler uma mensagem enviada pela presidenta Dilma Rousseff, Chioro divulgou a assinatura do decreto que convoca a 15ª Conferência Nacional de Saúde e destacou a importância desses espaços de debate na ampliação da democracia.
“Uma sociedade mais justa passa pelo compromisso do governo com a democratização de espaços de gestão, com maior transparência e maior participação social. Passa por desvendar os meandros da democracia e expor para a sociedade brasileira os mecanismos de gestão. Para isso, de fato, precisamos contar com um coração valente que possa suportar contradições e possa ter um compromisso inabalável com uma sociedade cada vez mais fortalecida pelos laços da democracia e dos direitos sociais”, apontou.
A 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador segue até quinta (18), quando realizará uma etapa final para apontar ao diretrizes de atuação sobre o tema.