Foram pouco mais de dois anos de vigência, até que a mudança das regras para cobrança de tarifas pelo Banco Central desse ao Real a “deixa” para abandonar o trato feito com os funcionários. Assinado em 2006, o acordo previa a isenção de tarifas para os empregados, que passariam a dispor de uma cesta de serviços com 27 itens. Agora, o número de serviços incluídos na cesta diminuiu muito, obrigando os empregados a pagarem tarifas de excesso todas as vezes que usarem mais do que o que está incluído. E o preço não é nada camarada.
Desde que o Banco Central implementou a nova norma para cobrança de tarifas bancárias, o Idec – Instituto de Defesa do Consumidor fez um levantamento dos valores cobrados pelos bancos com mais de um milhão de correntistas. Embora o nome dos pacotes do Real tenha mudado, a entidade procurou os modelos que mais se assemelhavam para fazer a comparação. E o desempenho do banco foi o pior entre todos os maio-res, registrando acréscimo no valor total de 9,4%, apesar da nova norma impedir a cobrança de emissão de cheques de baixo valor e definir um número mínimo de eventos de determinadas operações.
Como passou a pagar por serviços que antes eram gratuitos ou que tiveram uma severa redução no número de ocorrências incluídas no pacote, o cliente do Real teve perda de seu poder aquisitivo ao movimentar sua conta. O mesmo aconteceu com o bancário, apesar da conquista, dois anos antes, de uma reivindicação antiga.
A mudança das normas pelo Bacen não tem nenhuma repercussão sobre a isenção de tarifas para os emprega-dos, mas o banco aproveitou a oportunidade para romper o acordo. O rompimento unilateral do compromisso firmado com os trabalhadores é uma clara demonstração de desrespeito não só aos funcionários, mas às entida-des sindicais.