Belo Horizonte: bancários do Itaú e Unibanco exigem garantias

Os bancários mostraram à direção do Itaú-Unibanco que estão dispostos a lutar até as últimas conseqüências para defender seus empregos e direitos. O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte organizou hoje, dia 17, ato em frente a duas agências do Itaú e do Unibanco na região central da cidade, em que os bancários denunciaram o descaso e a falta de compromisso da direção da empresa com seus funcionários, além de cobrarem um melhor atendimento aos clientes.

A manifestação contou com intervenções teatrais e distribuição de material denunciando o clima tenso vivido pelos funcionários após a criação do maior banco do Hemisfério Sul. Os ex-presidentes do Itaú e do Unibanco, Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, que agora comandam a Itaú Unibanco Holding S.A., declararam publicamente que não haveria demissões nem fechamento de agências. Porém, essas declarações não trouxeram tranqüilidade aos bancários, visto que os banqueiros não costumam honrar suas palavras quando o assunto envolve manutenção de postos de trabalho.

A representação dos bancários exigiu que a direção do novo banco assinasse um documento para garantir o emprego e os direitos dos funcionários. Os banqueiros se recusaram a ratificar o acordo por escrito, o que levou os trabalhadores a lançarem nacionalmente a Campanha em Defesa dos Empregos e Direitos dos Bancários, coordenada pela Contraf-CUT. A mobilização brasileira integra a campanha internacional capitaneada pela Uni América Finanças e pelo Comitê de Finanças da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), para combater as demissões provocadas pela crise financeira internacional e pelas fusões.

De acordo Ramon Peres, funcionário do Unibanco e diretor do Sindicato, os bancários não aceitarão desculpas dos banqueiros. “Não toleraremos o argumento de que o banco passa por dificuldades. Pelo contrário, as projeções são de que os lucros aumentarão ainda mais. É preciso valorizar os bancários, que são as verdadeiras colunas que sustentam esse império bilionário. Com o emprego dos bancários não se brinca e estamos dispostos a ir até o fim para defender nossos empregos e nossos direitos”, afirmou.

O histórico dos Setúbal e dos Moreira Salles, quando envolvidos em aquisições ou fusões, é lamentável. O Itaú demitiu cerca 11,2 mil bancários quando comprou os bancos públicos estaduais Banerj, Bemge, Banestado e BEG, que tinham em seus quadros um total de 27,7 mil funcionários. O Unibanco, à época da fusão com o Nacional, em 1995, absorveu 11 mil novos bancários, mas passados alguns anos verificou-se que o quadro de funcionários da empresa já havia voltado ao patamar anterior ao da fusão, o que representou uma redução de postos de trabalho da ordem de 39%.

Com a manifestação, o Sindicato e os bancários também chamaram a atenção para o risco que correm os clientes, pois a fusão pode significar aumento de tarifas, precarização do atendimento e aumento das filas em decorrência das demissões. A concentração do setor bancário implica prejuízos aos consumidores, pois diminui a concorrência e proporciona poderes que são usados para amplificar os lucros, ao invés de beneficiar trabalhadores e usuários.

Segundo Paulo Henrique Fonseca, funcionário do Itaú e diretor do Sindicato, o movimento sindical cutista exige uma contrapartida social das empresas que têm sido beneficiadas pelas políticas públicas, a exemplo da redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da utilização de recursos que eram recolhidos pelo Banco Central via depósitos compulsórios. “Exigimos a manutenção do nível de Emprego para os Trabalhadores do Itaú e Unibanco o que também propiciará um melhor atendimento à clientela”, salientou.

Para Cardoso, presidente do Sindicato, é inadmissível que a fusão entre o Itaú e o Unibanco gere demissões. “Essa fusão criou a maior instituição financeira do brasil e uma das vinte maiores do mundo. São números astronômicos, como, por exemplo, os R$ 575 bilhões em ativos. Devido a esse gigantismo , a questão da manutenção dos postos de trabalho é fundamental, pois um mega banco ao invés de demitir deveria contratar. O Sindicato não aceitará que esse negócio prejudique os mais de 100 mil bancários do Itaú-Unibanco e lutará para que os empregos e direitos desses trabalhadores sejam respeitados”, salientou.

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