Os bancários de Belo Horizonte fizeram protestos e paralisações em agências do Itaú nesta quarta-feira (5), durante o Dia Nacional de Luta contra o horário estendido. O objetivo foi denunciar a implantação unilateral de novos horários em diversas unidades de trabalho do banco e o desrespeito aos direitos dos trabalhadores.
A agência da Praça Sete recebeu a “porta do inferno” para mostrar à população as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores do Itaú, que vivem um verdadeiro inferno com as atitudes desumanas do banco. Além disso, outras nove agências que já implantaram o horário estendido, no centro e nos bairros Barro Preto, Santa Efigênia e Funcionários, foram paralisadas no período da manhã.
Até novembro deste ano, 27 agências da base do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte já tinham implantado os horários diferenciados, que prejudicam a rotina dos funcionários e ameaçam a segurança devido ao horário de saída. Com o horário estendido, as agências localizadas nos shoppings passaram a abrir das 12h às 20h e, nos corredores, as agências passaram a ter três horários diferentes: 9h às 16h, 10h às 16h e 11h às 19h. O objetivo do banco é chegar a 1.500 agências com horários ampliados em todo o país.
O Sindicato denuncia as atitudes do banco, que tem imposto aos funcionários sobre jornada habitual, em desrespeito à jornada especial dos bancários, e adotado escalas móveis. Além disso, o banco tem dificultado a transferência de trabalhadores que não têm seus horários compatíveis com a jornada estendida implantada. Muitos trabalhadores acabam recebendo como única resposta a possibilidade de transferência para unidades de trabalho muito distantes das que trabalham atualmente.
Para o funcionário do Itaú e diretor do Sindicato, Paulo Farias, o banco só pensa nos lucros e não investe na saúde dos funcionários. “Existem bancários trabalhando além da jornada e almoçando em apenas 15 minutos. O resultado disso será certamente o adoecimento e a licença de mais trabalhadores,” ressalta.
Os abusos do Itaú e o desrespeito aos funcionários incluem também desvios de função, com gerentes e chefes de serviço realizando a função de caixa, a falta de segurança nas agências e o pagamento de horas extras através de compensação, o que desrespeita a legislação.
A tudo isso soma-se a redução dos postos de trabalho no banco que, apesar de lucro líquido de mais de R$ 10 bilhões nos nove primeiros meses de 2012, tem demitido milhares de funcionários. De acordo com análise feita pelo Dieese, até setembro deste ano, foram 7.831 vagas cortadas. O processo de extinção dos empregos que teve início em abril do ano passado já reduziu em 13.595 o número de postos de trabalho no Itaú.
Em relação à segurança, o banco investiu apenas 3,8% do valor de seu lucro líquido na melhoria das condições das agências para proteger a vida de funcionários, clientes e usuários.
Justiça
Após representação do Sindicato contra o banco na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG), já foram realizadas duas audiências com representantes do Itaú, uma no dia 24 de outubro, quando o Itaú pediu o adiamento das negociações, e outra no dia 13 de novembro. Como o banco se mantém intransigente e ainda não apresentou qualquer proposta para reverter as alterações nos horários, o Ministério do Trabalho promoverá ação de fiscalização nas agências para apurar as denúncias.
O funcionário do Itaú e diretor do Sindicato, Edmar Ferreira, afirma que o banco está transformando a vida dos empregados num inferno. “Os bancários do Itaú estão passando o dia todo trabalhando. Existem agências em que os funcionários chegam às 9h e saem após as 18h. A fiscalização da SRTE-MG irá verificar e comprovar estas denúncias do Sindicato, conquentemente multando o banco por infringir a legislação e desrespeitar os trabalhadores”, destacou.
Para o presidente do Sindicato, Cardoso, a jornada do Itaú é uma arbitrariedade do banco que poderia ser implantada sem prejudicar os trabalhadores. “Nós do Sindicato defendemos sim a extensão do horário, de 8 às 18h, para atendimento de toda a população, não só dos clientes do Itaú, com a implantação de dois turnos com jornada de seis horas para os bancários. Realizamos o ato para mostrar à população e aos bancários que o “I” de Itaú representa o “I” de inferno, de insuportável, de intolerável”, afirmou.