Espanha condena banqueiros por desvio de dinheiro na crise econômica

A Justiça da Espanha anunciou nesta quinta-feira (29) a primeira condenação de banqueiros por abusos cometidos durante a crise econômica. Quatro ex-diretores da Caixa Penedès foram sentenciados a cinco anos de cárcere.

Durante a última sessão do julgamento no Supremo Tribunal, porém, Ricard Pagès, Manuel Troyano, Santiago José Abella e Juan Caellas se comprometeram a devolver os 28,6 milhões de euros (R$ 86,4 milhões) das pensões que desviaram quando estavam à frente da entidade para terem suas penas de prisão reduzidas.

“Vocês atuaram de forma maliciosa, insidiosa e enganosa para a sociedade. Ao burlar os controles da caixa de poupança, colocaram os interesses pessoais à frente dos sociais, abusando da confiança que haviam depositado em vocês como diretores de altos cargos”, disse o juiz Jose Maria Vázquez Honrubia aos réus, segundo o jornal El Pais.

O magistrado decidiu considerar como atenuante a atitude dos réus de reconhecimento dos delitos que cometeram. Como os quatro não tinham antecedentes criminais, provavelmente nenhum deles irá para a cadeia. De acordo com Vázquez, com a devolução do dinheiro, “a ordem jurídica será restaurada”.

A Caixa Penedès foi quarta fundadora do BMN (Banco Mare Nostrum) junto a três outras instituições financeiras de caráter público: a Caixa Granada, a Caixa Murcia e Sa Nostra. Segundo a imprensa espanhola, a Caixa Penedès recebeu um empréstimo no valor de 915 milhões de euros (R$ 2,76 bilhões) do FROB (um fundo de resgate de bancos criado pelo governo espanhol durante a crise econômica) e acabou desaparecendo, sendo absorvida pelo Banco Sabadell, em outubro de 2013.

A Espanha foi um dos países mais afetados pela crise econômica no continente europeu. O mal-estar foi agravado pelos constantes cortes de gastos e aumentos de impostos que resultaram em inúmeros protestos contra medidas de austeridade pelo país. Em 2013, o número de desempregados superou a marca de seis milhões de pessoas, ao alcançar 27,16% da população ativa no primeiro trimestre do ano.

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