Bancários da Paraíba rejeitam 6% e cruzam os braços a partir do dia 18

Sem proposta decente, trabalhadores vão parar por tempo indeterminado

Em assembleia realizada na noite desta quarta-feira (12), cerca de 300 bancários da Paraíba rejeitaram o reajuste de 6% sobre todas as verbas salariais, proposto pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), e deflagraram a greve por tempo indeterminado, a partir de zero hora da próxima terça-feira (18). Nova assembleia será realizada no dia 17 para organizar a paralisação.

A categoria seguiu a orientação do Comando Nacional dos Bancários e também considerou insuficiente a proposta dos bancos apresentada no dia 28 de agosto, que significa aumento real de 0,58%, quando a categoria reivindica 10,25% de reajuste (inflação + 5% de ganho real).

O presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques, apoia a decisão dos bancários e condena a intransigência dos banqueiros, que optaram pelo confronto em vez de resolverem o impasse na negociação.

“Os lucros dos bancos são enormes e mais do que confortáveis para que eles atendessem nossa pauta de reivindicações, cujas verbas salariais são pagas apenas com as receitas de tarifas sobre serviços. Agora, é mobilizar ainda mais a categoria e arrancar nossas conquistas na luta; como sempre aconteceu, em greves que são mais fortes a cada ano. Esperamos o apoio da sociedade, que também é vítima da prepotência, da arrogância, da mesquinhez e da exploração dos bancos; únicos culpados pela paralisação”, desabafou.

Os lucros

Somente os cinco maiores bancos tiveram R$ 50,7 bilhões de lucro líquido em 2011, com uma rentabilidade de 21,2%, a maior do mundo. No primeiro semestre deste ano, as mesmas instituições apresentaram lucro líquido de R$ 24,6 bilhões, maior que em igual período do ano passado, mesmo com o provisionamento astronômico de R$ 37,34 bilhões para pagamento de devedores duvidosos, incompatível com a situação real de inadimplência.

Altos Executivos

Enquanto se recusam a dar aumento real de 5% aos bancários, a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%. A remuneração total, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ R$ 839 milhões em 2011.

Cada diretor estatutário do BB embolsará este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco receberão R$ 4,43 milhões cada um, os do Santander R$ 6,2 milhões e os do Itaú R$ 8, 3 milhões.

Em contrapartida ao aumento imenso da remuneração dos altos executivos, os bancos pagam a seus trabalhadores no Brasil um dos piores salários da América do Sul. Pesquisa realizada pela Contraf-CUT junto a entidades sindicais sul-americanas mostra que o piso salarial dos bancários brasileiros é de R$ 1.250,00, o equivalente a US$ 681 (ou 5,68 dólares a hora trabalhada). No Uruguai, o piso salarial do bancário era US$ 1.089 (8,38 dólares a hora) e na Argentina o salário de ingresso é quase o dobro do brasileiro: US$ 1.200 (8 dólares a hora).

“São práticas absurdas como essas que tornam o Brasil um dos 12 países com a pior concentração de renda do mundo e a quarta pior na América Latina, ao mesmo tempo em que ostenta o sexto lugar no ranking das maiores economias. A greve foi deflagrada, mas ainda temos até a assembleia do dia 17 para analisarmos alguma proposta decente que porventura os banqueiros nos façam, para evitarmos os desgastes de mais uma greve que poderia ter sido evitada através da negociação, como os bancários queriam.”, concluiu Marcos Henriques.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram