Juros no cartão de crédito sobem em janeiro e alcançam 334% ao ano

Que a taxa de juros do cartão de crédito é a mais alta entre as modalidades de empréstimos às famílias ninguém duvida. Agora, porém, uma nova série de dados do Banco Central mostrou o tamanho do problema que enfrenta quem toma recursos por meio dessa linha. A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito subiu em janeiro para 334% ao ano, ante 309,5% no mesmo mês de 2014 e 331,6% em dezembro.

Mesmo o cheque especial, outra linha emergencial de crédito, fechou janeiro com taxa inferior, de 208,7% ao ano – maior nível desde 1996.

O rotativo é a linha de crédito pré-aprovada no cartão e inclui também saques feitos na função crédito do meio de pagamento. Os desembolsos do rotativo dos cartões somaram R$ 29 bilhões em janeiro, cifra 8,3% maior que no mesmo mês de 2014.

A inadimplência na modalidade foi de 39,1%, também a maior entre as linhas para a pessoa física. Em dezembro, estava em 40,1% e em janeiro do ano passado em 34,5%.

“Neste ano, há uma tendência que as famílias usem linhas de pior qualidade, pré-aprovadas, para suprir a necessidade de recursos para fechar o orçamento”, afirma Rodrigo Baggi, economista da Tendências. Ele acredita que esse movimento tende a levar a uma piora em termos de inadimplência até o fim de 2015, mitigada, em parte, pela maior participação de linhas com garantias nos portfólios dos bancos.

A inclusão dos dados de juros do rotativo de cartão teve impacto sobre os cálculos agregados feitos pelo BC sobre os juros e spreads bancários das operações de crédito em geral. De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a incorporação resultou em alta de cerca de 3 pontos percentuais na série para as taxas de juros.

Em janeiro, a taxa média do sistema foi de 25,1% ao ano contra 23,9% em dezembro. Na metodologia antiga, o juro médio do sistema em dezembro estava em 20,9%.

Segundo Maciel, os dados foram revisados até março de 2011, data que marca o início da maior parte das séries calculadas pelo BC. As alterações, de acordo com ele, não mostram mudança de comportamento dos dados, mas de nível.

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