A violência contra os bancários durante a greve nacional resultou em um pedido de audiência por parte do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região ao Comando de Policiamento da Capital (CPC). Os diretores Mauro Salles, Everton Gimenis, Lucio Mauro Paz e Paulo Stekel e o assessor jurídico Antônio Vicente Martins foram recebidos pelo coronel Antero Batista de Campos Homem ao final da manhã desta segunda-feira, dia 4.
Os bancários em greve do Santander e Itaú Unibanco vêm recebendo desde a semana passada a visita de advogados contratados pelos bancos, munidos de interditos proibitórios tentando coagir os funcionários a encerrar a greve. Com o dispositivo judicial – que tem como finalidade garantir aos proprietários a posse de terras ameaçadas de serem ocupadas – tentam impedir que a categoria faça piquetes em frente às agências.
“Além de questionarmos a violência exagerada dos policiais militares, a greve dos bancários nunca resultou em problemas, mas a situação deste ano nos preocupa, tanto por parte do contingente utilizado como pela ação policial. Eles chegam arrancando nossas faixas”, relatou Mauro no início da audiência.
“O histórico dos bancários e do movimento sindical é de cooperação com a Brigada Militar, como na área de segurança bancária. Mas a utilização do interdito proibitório não acaba e nem restringe o direito de greve dos trabalhadores”, comentou Vicente. “Com essa atitude, os bancos pensam que vão acabar com a greve, mas os trabalhadores têm o exercício de greve garantido pela constituição. O interdito não obriga ninguém a voltar ao trabalho.”
Para Lúcio, sem negociação nesta semana com os bancos, a greve não se encerrará. “Temos cerca de 7 mil unidades paradas em todo o Brasil e o movimento está crescendo. Sem proposta, não vai ter fim a greve. Mas as pessoas têm todo o direito de utilizar os serviços do auto-atendimento, como saque, depósito, transferências”, informou.
O diretor do Sindicato disse que um advogado do banco estava na viatura da Brigada Militar na manhã desta segunda, quando desembarcou para tentar abrir uma agência na região central. O comandante condenou tal atitude e disse que vai averiguar a situação.
“Greve não é assunto de polícia”. Essa foi a manifestação do coronel após ouvir as manifestações dos dirigentes. “Somente em casos onde ocorram a perturbação da ordem pública ou o impedimento do direito de ir e vir da população agimos”, acrescentou o coronel.
Ele disse, ainda, que vai orientar seus policiais para que novas situações de enfrentamento não aconteçam. “Advogado de banco não pode ser conduzido em viatura da Brigada Militar. Em nível jurídico, também concordo que o interdito não serve para impedir e/ou acabar a greve. Para finalizar, lembro que outros segmentos de trabalhadores promovem greve sem problemas de qualquer parte.”