Ana Paula Ragazzi
Valor Econômico | Do Rio
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) identificou que a remuneração dos conselheiros de administração apresentou alta em ritmo mais acelerado do que a dos diretores das empresas. Para Adriane de Almeida, superintendente de conhecimento do IBGC, essa é uma “boa notícia”, uma vez que pode sinalizar uma valorização do trabalho do conselheiro de administração.
“Olhando para as medianas, a remuneração dos conselheiros teve alta de 20,5% e a dos diretores subiu 12%”, diz Adriane. A pesquisa se baseia em dados de 2012, apurados nos formulários de referência das empresas de 2013. Os dados para conselho de administração e diretoria estatutária referem-se a 290 companhias. A análise é feita a partir da mediana, que exclui do cálculo valores muito pequenos ou muito elevados que possam distorcer o resultado final.
Olhando para a amostra total referente ao conselho de administração, a mediana da remuneração média anual do conselheiro por empresa saiu de R$ 107,4 mil para R$ 129,5 mil. No caso dos diretores, ela passa de R$ 983 mil para R$ 1,099 milhão.
Olhando para os segmentos de listagem, houve crescimento em todos os níveis de governança e também no segmento tradicional. Mas a alta mais expressiva na remuneração anual média em 2012 foi a registrada pelas empresas listadas do Nível 2, em que os valores passaram de R$ 122,9 mil para R$ 297,5 mil (+142%). A mediana de remuneração dos conselheiros dessas empresas está 129,8% acima da mediana da amostra total.
Essa avaliação também se repete para os diretores. A mediana das empresas do Nível 2 para esses profissionais está 50,4% acima da mediana da amostra total. Mas remuneração média anual desses diretores caiu cerca de 4%, de R$ 1,73 milhão em 2011, para R$ 1,65 milhão em 2012. No caso dos diretores, a maior alta foi para os executivos de empresas do Novo Mercado, cuja média saiu de R$ 1,363 milhão para R$ 1,438 milhão, com alta de 5,5%
Ainda sobre os conselhos de administração, Adriane destaca ainda que as empresas nas quais profissionais independentes representam mais de 30% da composição dos conselhos apresentaram a maior mediana de remuneração, que está 54,6% acima da mediana da amostra total. Para ela, isso também evidencia uma valorização da atividade.
“Antes era mais comum um acionista ou diretor acumular também essa função e por isso não se discutia tanto os salários dos conselheiros”, avalia. Adriane afirma que o IBGC não analisou dados individualmente, por isso não é possível afirmar se a presença de independentes eleva os salários porque essas pessoas que chegam às empresas são mais qualificadas ou ainda especialistas em determinados assuntos, o que acaba influenciado a mediana da remuneração. Nas empresas de controle disperso, em que o papel do conselheiro é mais relevante, a remuneração é maior do em empresas com controle definido.
“Nessas companhias, o envolvimento dos conselheiros é maior e por isso ele vai querer ser mais bem remunerado”, afirma.
Quando se trata de conselho fiscal, os dados olham para 180 companhias, ante 175 ano passado. Olhando para os segmentos de listagem, houve crescimento da instalação desses conselhos das empresas do Novo Mercado, que deixou de ser o segmento em que menos companhias contavam com o órgão, como mostrou a pesquisa de 2011.
Em 2012, das empresas do Novo Mercado, 59,5% possuíam conselho fiscal, ante 48,80% em 2011. No Nível 1 o percentual passou de 84,85% para 90,3%; no Nível 2 caiu de 68,42% para 57,9%; e no seguimento tradicional ficou em 58%, ante 57,25%.