Por todo este mês de março, em comemoração aos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, completados em 8 de março de 2010, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizará diversas atividades.
A abertura solene do calendário de atos no mês da mulher aconteceu em 1º de março, em São Paulo, com o lançamento do curso de Promotoras Legais Populares, cuja finalidade é capacitar trabalhadoras e sindicalistas de diferentes categorias a atuar na defesa de seus direitos e cidadania, propondo e fiscalizando políticas públicas. Até o dia 8 de março, por exemplo, estão programados atos no Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraíba, Roraima, Rio de Janeiro e São Paulo.
O foco dessas atividades é a luta pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, com ênfase na questão salarial. Isto porque, segundo a CUT, mesmo com avanços nos últimos anos, como a ampliação da licença-maternidade para seis meses e o combate à violência doméstica por meio da criação da lei Maria da Penha, a discrepância salarial ainda é gritante.
A CUT defende que a Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), já ratificada pelo Brasil e que trata da remuneração igual para trabalho de igual valor, precisa ser colocada em prática no país. Para isso, a entidade já iniciou um estudo nacional sobre as disparidades salariais entre os gêneros e, até o fim de 2010, apresentará o resultado dessa pesquisa, com uma proposta de lei própria para o Brasil.
No Brasil, a categoria bancária foi a primeira a conquistar a igualdade de oportunidades em Convenção Coletiva de Trabalho de caráter nacional. Na publicação de um jornal especial para o Dia Internacional da Mulher, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) lembra outra conquista das bancárias no que se refere às questões de gênero: a ampliação da licença-maternidade de 180 dias. Persistem ainda, não só para as bancárias, mas para trabalhadoras de outras categorias, os desafios de acabar com todos os tipos de preconceito e discriminação no trabalho, na família e na vida.
Esse espírito de luta está presente nas atividades programadas pela CUT para marcar o Dia Internacional da Mulher. Tanto que, além de defender a equidade salarial nas comemorações dos 100 anos do dia 8 de março, a CUT promoverá ainda a terceira edição da Marcha Mundial de Mulheres, que ocorrerá em todos os continentes entre os dias 8 e 18 de março.
O tema, dessa vez, é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”. A versão 2010 da Marcha Mundial de Mulheres reivindicará bens comuns e serviços públicos, paz e desmilitarização, autonomia econômica e fim da violência contra as mulheres.
Histórico
A origem do 8 de março como Dia Internacional da Mulher remonta à Conferência Internacional das Mulheres Socialistas realizada em 1910, em Copenhague, na Dinamarca. Portanto, no dia 8 de março de 2010 o mundo celebrará os 100 do Dia Internacional da Mulher.
A partir de então, as comemorações ganharam projeção mundial, sendo que em 1914 a data em homenagem às mulheres foi comemorada pela primeira vez em 8 de março. No entanto, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado apenas em 1922, como parte de um processo para simbolizar a luta das mulheres por transformações no trabalho e na sociedade.
A chegada das mulheres ao movimento sindical se deu em 1920, mas só em 1932 elas conquistaram o direito de voto. A ascensão das mulheres para cargos eletivos começou a ser verificada na segunda metade do século 20. Hoje, entre recuos e avanços, o dia 8 de março é uma data de protesto e afirmação das mulheres por igualdade, autonomia e liberdade.
Seja como for, o certo é que o movimento que marcou a história do século 20, tendo as mulheres do Brasil e do mundo como protagonistas, revira um passado de silêncios e acorda para novos desafios neste Dia Internacional da Mulher, a ser comemorado na próxima segunda-feira, dia 8 de março.
O discurso da diferença entre os sexos não explica tudo e tampouco é produtivo alijar os homens da construção de uma sociedade mais justa. Cabe, sim, às mulheres tomarem sua história nas mãos, da mesma maneira que tomam seu destino nas mãos, de modo a reafirmar gestos e cenários do cotidiano.
Um dos desafios para o novo feminismo é mudar práticas e costumes cotidianos, buscando construir um mundo em que a casa, conforme defende o filósofo francês Charles Fourier (socialista utópico do século 19), seja o verdadeiro lugar do poder.
Outro obstáculo a ser combatido é a disparidade e a violência contidas na vida doméstica, no mercado de trabalho e no espaço da política. Mas, mirando-se no que já foi conquistado ao longo dos anos e nas lutas para avançar ainda mais, as mulheres estão em movimento para mudar o mundo.