Greve nacional dos bancários continua crescendo e exige proposta dos bancos

O 12º dia da greve nacional dos bancários terminou com novas adesões em todo o país, nesta segunda-feira, 5, apesar dos interditos proibitórios e da repressão dos bancos. O número de agências fechadas manteve-se elevado em todos os 26 estados e no Distrito Federal (aumentando de 7.053 para 7.054) e a participação dos bancários se ampliou com a paralisação de grandes centros administrativos, como a Cidade de Deus, sede do Bradesco em Osasco, e o Centro Empresarial Itaú Conceição (CEIC), do Itaú, na Zona Sul de São Paulo.

“A paralisação dos centros administrativos é fundamental e demonstra que a insatisfação atinge trabalhadores de todos os setores dos bancos”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “Foi importante o movimento na Cidade de Deus, do Bradesco, onde os trabalhadores paralisaram as atividades mesmo com a pressão da Polícia Militar e de um interdito proibitório conseguido pelo banco”, sustenta.

Sem resposta dos bancos

Os negociadores da Fenaban ainda não deram resposta ao Comando Nacional a respeito da reunião dos presidentes dos bancos, que seria realizada nesta segunda-feira. O anuncio desse encontro havia sido feito na última rodada de negociação, realizada na sexta-feira, 2, quando os representantes dos banqueiros mais uma vez frustraram os trabalhadores ao não apresentarem nova proposta.

“A enrolação em fazer uma proposta satisfatória para os bancários contrasta com a velocidade que os bancos demonstraram ao lançarem no fim de semana uma enorme campanha de marketing para surfar na onda da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016, aproveitando-se do sucesso alheio”, afirma Carlos Cordeiro. “Essa lentidão em negociar e a insistência numa proposta rebaixada são provas do descaso e da falta de responsabilidade social dos bancos com seus funcionários. Não aceitaremos proposta que não contemple aumento real, PLR maior, garantias de proteção ao emprego e mais contratações, valorização dos pisos salariais e melhorias das condições de saúde, de segurança e de trabalho”, conclui.

Os bancários vão continuar a greve para conquistar:

Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.

PLR maior. Os bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros. Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.

Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.

Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.

Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.

Auxílio-creche/babá. A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.

Auxílio-refeição. Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.

Cesta-alimentação. Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.

Segurança. Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.

Previdência complementar para todos. Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínio dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.

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