Cerca de 500 pessoas atenderam à convocação do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e da Federação dos Bancários (Feeb/RS) e participaram da caminhada que abriu a Campanha Nacional dos Bancários 2009. A Big Bateria da Império da Zona Norte animou o ato político com sua batucada, e a organização em alas deixou clara a presença de funcionários de bancos públicos e privados, da capital, do interior e do litoral.
Os bancários e bancárias presentes carregavam faixas com dizeres que afirmavam a pauta de reivindicações da categoria, exigindo o fim das filas, dos juros e tarifas abusivas, da insegurança e das demissões.
O presidente do SindBancários, Juberlei Bacelo, saudou a memória da “greve proibida” de 1979. “Há 30 anos, os bancários gaúchos deram uma bela demonstração de ação coletiva”, disse. “A lição que fica é que somente a luta coletiva pode trazer vitórias, ao contrário do individualismo que os banqueiros querem estimular”.
Nas ruas que a caminhada percorreu, de dentro dos prédios dos bancos, trabalhadores e trabalhadoras acenavam em sinal de aprovação. A população que transitava também ouviu o recado.
Mauro Salles, diretor do Sindicato, destacou que a luta da categoria é, hoje, uma luta de toda a sociedade: “A regulamentação do sistema financeiro, a segurança nas agências, a queda nas taxas de juros não são uma campanha só dos bancários, mas do povo brasileiro”.
Ao longo da caminhada, foi informado que, em duas rodadas de negociações, os banqueiros mantêm a “choradeira” e a negativa em relação às reivindicações dos bancários. Mesmo sob crise internacional, o setor financeiro foi o mais lucrativo do país no último período. Isso não o impediu, no entanto, de se aproveitar do momento para fazer demissões e diminuir o salário dos trabalhadores. Sem contar as inúmeras vezes em que os direitos trabalhistas são atropelados: “Os bancos não respeitam os seus funcionários, e o movimento sindical não vai ficar calado”, disse Pedro Loss, diretor do SindBancários.
“Os lucros dos bancos vêm da exploração dos trabalhadores e da extorsão dos clientes”, denunciou Everton Gimenis, também diretor do sindicato. A manifestação lembrou que a exploração das mulheres e dos negros se dá de forma ainda mais aprofundada, como mostrou o Mapa da Diversidade, resultado de pesquisa da própria Fenaban.
“As bancárias estão aqui para denunciar o assédio moral, para repudiar a violência e para exigir salários iguais entre homens e mulheres”, falou Lourdes Rossoni, do SindBancários, em nome das mulheres. Uma ala lilás reforçava as palavras de Lourdes e exigia igualdade de oportunidades, como parte da Campanha Nacional 2009 também.
Ao final da caminhada, já na Esquina Democrática, Juberlei Bacelo cobrou dos bancos públicos seu caráter público. “Não basta apenas o controle estatal”, disse ele. “Queremos cobrar transparência nas contas do Banrisul; queremos que a Caixa contrate mais bancários; queremos que o Banco do Brasil interrompa esse processo de reestruturação que está expulsando do banco os clientes de baixa renda”.