Mobilização cada vez maior. A greve nacional dos bancários apresentou novo crescimento nesta quinta-feira, 1º de outubro, oitavo dia de paralisação. Foram 6.944 agências fechadas em todo o país, 118 unidades a mais do que no dia de ontem, segundo levantamento feito pela Contraf-CUT com base nos dados enviados pelos sindicatos. Em relação ao primeiro dia de paralisação, quando 2.881 agências não abriram suas portas, o crescimento é de 141%, ou seja, o número de unidades fechadas mais do que dobrou no período.
“A greve não parou de crescer desde a deflagração no dia 24 de setembro e atinge todos os 26 estados do país, além do Distrito Federal. Isso é a prova da indignação dos bancários com a proposta rebaixada apresentada pela Fenaban”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários. “Foi graças a essa força da categoria que a Fenaban aceitou retomar o processo de negociações nesta quinta-feira. É um momento crucial da campanha salarial e precisamos batalhar ainda mais para ampliar a greve em todo o país”, sustenta.
Nesta sexta-feira, 2, às 11h, em São Paulo, o Comando Nacional e a Fenaban continuarão o processo de negociação, que foi retomado nesta quinta. Os trabalhadores ficaram frustrados com a postura dos bancos, que não apresentaram nenhuma proposta na primeira parte das discussões (veja mais aqui).
Veja o crescimento da greve nacional da categoria:
Dia | Agências paralisadas | Crescimento em relação ao primeiro dia |
24/9 | 2.881 | – |
25/9 | 4.791 | 66% |
28/9 | 5.786 | 101% |
29/9 | 6.449 | 123% |
30/9 | 6.826 | 137% |
1º/10 | 6.944 | 141% |
O que os bancários reivindicam:
– Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.
– PLR maior. Os bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros. Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.
– Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.
– Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.
– Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.
– Auxílio-creche/babá. A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.
– Auxílio-refeição. Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.
– Cesta-alimentação. Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.
– Segurança. Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.
– Previdência complementar para todos. Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.