As agências do Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, localizadas no bairro de Afogados, na capital pernambucana, abriram uma hora mais tarde na manhã desta terça-feira, dia 14. A paralisação foi para protestar contra a intransigência dos bancos na mesa de negociação e intensificar a mobilização dos bancários na Campanha Nacional 2010. Conforme o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, protestos semelhantes ocorreram em todo o Brasil em mais um Dia Nacional de Luta dos bancários.
A presidente do Sindicato, Jaqueline Mello, destaca que nas negociações realizadas até agora nenhum avanço foi alcançado. “Praticamente todas as reivindicações da categoria foram negadas. Parece até que os banqueiros estão apostando no confronto. Já tivemos várias rodadas de negociação e eles não nos apresentaram nada. Se é dessa foram que eles querem conduzir o processo, vamos mostrar que estamos dispostos a partir para ações mais contundentes”, comenta.
Segundo Jaqueline, a atividade realizada nesta terça em Afogados é apenas uma pequena demonstração da disposição dos bancários de lutar por suas reivindicações. “Em todas as atividades realizadas até agora já demonstramos que estamos dispostos a ir à luta e, caso aos bancos não atendam nossas reivindicações nas próximas negociações, vamos cruzar os braços e parar tudo”, ressalta a presidenta.
Como já está se tornando corriqueiro nas mobilizações organizadas pelo Sindicato, o apoio de clientes, usuários e da população em geral tem sido um combustível a mais pra a luta dos bancários. A solidariedade foi demostrada mais uma vez durante a atividades desta terça-feira. Mesmo tendo de esperar por mais uma hora na porta da agência do Real/Santander, a população compreendeu o recado do Sindicato e manifestou sua insatisfação com atendimento, como é o caso do cliente Maurício Herculano, que todos os meses precisa ir a agência pra receber seu auxílio-moradia.
“Isso aqui é um absurdo. Se toda demora fosse essa horinha que estamos aqui era bom. O problema é que tem muita gente para ser atendida e não tem funcionário. O que a gente vê é a fila crescendo e o coitado do caixa se matando pra atender todo mundo. Eles deveriam pensar mais no povo e botar mais gente para trabalhar”, recalma seu Maurício.
O “pensar mais no povo” a que seu Maurício se refere poderia ser traduzido em responsabilidade social. Carro-chefe da propaganda dos bancos, a responsabilidade só fica na teoria, como comenta a secretária de Finanças do Sindicato, Suzineide Rodrigues. “Somente no primeiro semestre deste ano 11 pessoas morreram em ataques a bancos no País. Isso demostra a falta de cuidado dos banqueiros, não só com a vida dos trabalhadores, mas também com a de todos que precisam utilizar os serviços bancários. A política das instituições financeiras é de privilegiar os clientes com contas milionárias e de empurrar os demais para fora das agências, entregues à própria sorte nos correspondentes bancários. Isso sem falar nas condições de trabalho, no assédio e nas metas que comprometem a saúde dos trabalhadores dessas instituições”, explica Suzi.
O secretário de Administração do Sindicato, Epaminodas Neto, falou sobre os principais eixos da campanha deste ano e explicou que a luta dos bancários é também em prol da sociedade. “Não estamos reivindicado só salário. Queremos que os bancos demonstrem na prática que têm responsabilidade social. Contratando mais, gerando emprego, cuidando das condições de trabalho dos seus funcionários. Por isso é que estamos aqui pedindo o apoio da população, pois essa luta não é só dos bancários, essa luta é de toda a sociedade”, explicou Epaminodas.
Além de retardar o início do trabalho nas agências, a direção do Sindicato também aproveitou a oportunidade para aprofundar o debate sobre a campanha. No Bradesco, por exemplo, 28 funcionários participaram da reunião realizada pela entidade antes da abertura a unidade. Durante cerca de um hora os trabalhadores puderam expor suas dúvidas, tecer cometários, fazer críticas e dar sugestões sobre a campanha e sobre outros temas relativos à categoria.
“Foi muito proveitosa essa reunião que realizamos aqui hoje. Habitualmente a demanda de trabalho é tão intensa que quando aparece uma oportunidade dessas todos ficam muito receptivos. Estamos em plena campanha nacional e é bom que os colegas tenham a dimensão exata de como ela está se desenrolando, argumenta Gisele Góes, diretora do Sindicato e funcionária da agência.