BB e Bradesco financiam CSN para compra de siderúrgicas alemãs

Folha de S. Paulo

O Banco do Brasil e o Bradesco decidiram financiar a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) para comprar as siderúrgicas CSA (RJ) e Calvert (EUA), ambas da alemã ThyssenKrupp, por US$ 2,5 bilhões. Cada banco entrará com US$ 1 bilhão.

A proposta ocorre após a desistência do grupo argentino Ternium, que também estava interessado nas unidades do grupo alemão.

Pela proposta, a CSN ficará com 100% da americana Calvert e mais 33% da CSA, situada na zona de mangue do Rio e com histórico de multas e processos ambientais.

Segundo informações de mercado, a ThyssenKrupp ficará com 33% e a Vale pagará mais US$ 250 milhões para elevar sua participação de 26% para 33% na CSA.

O BNDES, que estudava financiar toda a operação, deverá aportar US$ 1 bilhão para modernizar a CSA.

Segunda ambientalistas, o ThyssenKrupp adotou uma tecnologia defasada, de alto grau de poluição no Rio. Eles pressionavam o BNDES para não financiar a aquisição.

A CSA tem capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de placa de aço.

Bancos de investimento estão céticos em relação aos efeitos que a compra da CSA pode trazer para a CSN.

O BTG Pactual criticou a estrutura da operação, que resultaria na divisão da CSA entre a Vale, a Thyssen e a CSN.

O banco afirma que “não vê razões” para que a ThyssenKrupp e a Vale dividam as operações da CSA com a CSN. Segundo a instituição, essa situação forçaria a siderúrgica a negociar no futuro a saída da ThyssenKrupp e da Vale do negócio.

O JPMorgan também não considerou a oferta da CSN um “bom passo, se confirmado”. Embora o valor tenha ficado menor do que os US$ 3 bilhões falados originalmente, o banco disse estar “cético” com os resultados do negócio se a operação vingar.

O banco diz que a operação elevaria o endividamento da CSN a ponto de a siderúrgica brasileira ter seu “rating” rebaixado pelas agências de classificação de risco.

Procuradas, a CSN e o BNDES não quiseram comentar. A Vale disse que pretende apenas “assegurar direitos” na CSA. O ThyssenKrupp afirma que mantém discussões com os interessados, mas nenhuma decisão foi tomada.

(TONI SCIARRETTA, AGNALDO BRITO E MARIANA SALLOWICZ)

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